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Dilma promete inflexão à esquerda para salvar gestão

Foi com esse diagnóstico que a presidente, antes mesmo de trocar Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda, deu sinais de mudança na política econômica.

Dilma Rousseff em dezembro de 2015 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff em dezembro de 2015 (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2015 às 11h10.

Brasília - Ameaçada de impeachment, a presidente Dilma Rousseff promete fazer a partir de agora um novo movimento de inflexão à esquerda nos rumos da gestão, em uma tentativa de se manter no Palácio do Planalto. Embora o Executivo tenha obtido uma vitória no Supremo Tribunal Federal, que deu ao Senado a palavra final sobre o rito de afastamento, a cúpula do PT acredita que a salvação de Dilma depende da economia e de sua aproximação com os movimentos sociais.

Foi com esse diagnóstico que a presidente, antes mesmo de trocar Joaquim Levy por Nelson Barbosa no Ministério da Fazenda, deu sinais de mudança na política econômica. Desenvolvimentista, Barbosa sempre defendeu uma prescrição que coincide com a receita de Dilma para sair da crise.

"Precisamos de uma nova equação econômica para o Brasil", afirmou a presidente, na terça-feira, em reunião com sindicalistas e representantes de entidades empresariais. "Levamos uns trancos. Mas o que faremos após superar a crise?", perguntou ela na quinta-feira, ao se encontrar com integrantes da Frente Brasil Popular, que no dia anterior organizara atos em defesa do seu mandato.

'Ilusão'. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a Dilma, a ministros e também a dirigentes do PT que é uma "ilusão" ver o Congresso como o campo de batalha mais importante na guerra contra o impeachment. Em jantar com sua sucessora há quatro dias, no Palácio da Alvorada, Lula lembrou que só a sua ligação com o povo o livrou de ser apeado do poder, em 2005, quando eclodiu o escândalo do mensalão.

"Você precisa liberar o crédito, fazer a roda da economia girar e dar notícia boa", aconselhou o ex-presidente, na última conversa com Dilma, segundo relatos de seus interlocutores. "A agenda do País não pode ser só ajuste fiscal e Lava Jato", emendou ele, numa referência à operação da Polícia Federal que prendeu empresários, pesos pesados do PT e ameaça o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Na avaliação do ex-presidente, se nada for feito rapidamente haverá uma "tempestade perfeita" que pode levar à pressão das ruas pelo impeachment, com inflação em alta, salário em baixa e desemprego na casa de dois dígitos antes de março de 2016.

Vale tudo. Nas conversas com sindicalistas e empresários, nessa semana, Dilma disse que fará de tudo para que a economia cresça de forma consistente nos próximos anos, mas pediu ajuda para superar a instabilidade política. Para a presidente, a briga de uma ala do PMDB e da oposição para tirá-la do cargo é uma tentativa de "encurtar o caminho" para o poder.

"Vamos manter o marco legal da democracia contra a política do vale tudo", declarou Dilma, quando agradeceu aos movimentos sociais pela defesa do seu governo nas ruas.

A percepção do núcleo político do Planalto é a de que o vice Michel Temer (PMDB) conspira ao lado de Cunha para tirar Dilma do cargo e, embora tenha sofrido um revés nos últimos dias, precisa ter os passos monitorados.

O governo confia em Renan, mas se mantém em estado de alerta. Auxiliares de Dilma afirmam que, se a economia estiver conturbada em 2016 e o processo de impeachment for aprovado na Câmara, o aliado pode virar algoz, porque não vai "matar no peito" uma causa impopular num ano eleitoral.

"Superada essa crise política, as condições estarão dadas para a retomada do crescimento com distribuição de renda", comentou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias. "É certo que existem discordâncias (com os movimentos sociais) em relação ao caminho a ser tomado, mas não quanto aos objetivos estratégicos."

Dilma pediu apoio para a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Aos empresários e dirigentes sindicais, a presidente disse que se trata de um imposto com menos impacto na inflação e prometeu a divisão dos recursos arrecadados com Estados e municípios. "Não vamos fixar (a duração) em um ano, dois anos ou três anos. Isso a gente debate no Congresso", observou.

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, mandou ao mercado o recado de que a mudança no comando da Fazenda não significa o fim do ajuste fiscal. "Pelo contrário: nós vamos insistir em concluir a votação das medidas que estão no Congresso", comentou Wagner. "Além disso, daremos continuidade às reformas necessárias para a melhoria do ambiente econômico." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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