Dilma Rousseff: a presidente voltou a dizer que o processo de impeachment em curso na Câmara é um "golpe de Estado" (Evaristo Sa / AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2016 às 14h58.
Brasília - Brasília - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira, em discurso durante ato com mulheres em defesa do governo, que os vazamentos “seletivos” de informações das investigações sobre corrupção no país estão sendo feitos para criar um “ambiente propício para o golpe” e anunciou que pediu apuração “rigorosa” ao ministro da Justiça, Eugênio Aragão.
“Na trama golpista eu gostaria de destacar também o uso de vazamentos seletivos. A Constituição proíbe vazamentos que hoje constituem vazamentos premeditados, direcionados, com clara intenção de criar ambiente propício para o golpe. Não precisa provar, basta vazar. Sempre se aposta na impunidade”, afirmou.
De acordo com a presidente, o país poderá ver, nos próximos dias, “vazamentos oportunistas e seletivos” e que “passou de todos os limites a seleção muito clara de vazamentos no país”.
Nesta quinta-feira, o jornal Folha de S.Paulo publicou informações atribuídas a delação premiada de executivos da empreiteira Andrade Gutierrez em que eles apontariam o uso de recursos de propinas por contratos de obras federais sendo usados em doações legais à campanha da presidente.
De acordo com a GloboNews, o acordo de delação foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal. Nos próximos dias, a Câmara dos Deputados deve votar em plenário a abertura do processo de impeachment contra a presidente.
Mais uma vez, Dilma afirmou que seu impeachment é um golpe travestido de legalidade, por não haver razões sólidas, na avaliação dela, por trás do processo.
Segundo a presidente, o próprio instituto da eleição ficará “desmoralizado” pela falta de respeito ao voto de milhões de brasileiros.
“Acredito que o Brasil hoje precisa de um grande pacto. Mas nenhum pacto ou entendimento prosperará se não tiver como premissa o respeito à legalidade e à democracia. A primeira premissa é a defesa do respeito à vontade popular”, disse.
“Sempre busquei e buscarei consensos capazes de superar toda e qualquer crise. Mas o pacto tem como ponto de partida algumas condições: o respeito ao voto, o fim das pautas-bomba no Congresso, unidade pela aprovação de reformas, a retomada do crescimento, a preservação de todos os direitos conquistados pelos trabalhadores e a necessária, imprescindível e urgente reforma política. Esse é o pacto que eu busco”, completou.
Ao final do discurso, visivelmente emocionada, Dilma se referiu pela primeira vez diretamente a uma reportagem que a apontou como sofrendo de descontrole nervoso por conta da crise.
“Sempre mantive o controle, o eixo e, sobretudo, a esperança. Enfrentei uma doença difícil, que me debilitou no início. Mas eu sempre disse: enfrenta que você supera. Eu estou enfrentando, desde a minha reeleição, a sabotagem de forças contrárias e mantenho o controle, o eixo e a esperança”, afirmou, embargando a voz.
“Eu não perco o controle, não perco o eixo, não perco a esperança. Porque eu sou mulher”. Este foi o terceiro ato em defesa do governo organizado pelo Palácio do Planalto nas duas últimas semanas.
De acordo com a assessoria da Presidência, os encontros foram montados a partir de pedidos de grupos que queriam demonstrar apoio à presidente.
No ato desta quinta-feira, estiveram presentes grupos de sindicalistas, de mulheres ligadas a partidos políticos e movimentos feministas e 11 mulheres fizeram discursos de apoio à presidente.
“Estamos participando da defesa desse governo que é nosso. Queremos respeito a esse mandato democrático, eleito pelo povo. Não vamos aceitar que a Constituição seja rasgada. Mexeu com ela, mexeu conosco”, afirmou Creuza Maria, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas.
“Os ataques neste momento são do nível de um estupro político”, disse a filósofa Márcia Tiburi.
Há duas semanas, Dilma recebeu juristas, advogados e defensores públicos, entre outros da área jurídica. Na semana passada, um grupo de artistas, como a atriz Letícia Sabatella, o escritor Raduan Nassar e a cantora Beth Carvalho.
Eventos no Planalto sobre programas de governo também se transformaram nas últimas semanas em atos de defesa do mandato da petista.
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