O presidente russo, Dimitry Medvedev, é um dos chefes de estado que foram a Davos (Remy Steinegger/Remy Steinegger)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 13h19.
Davos, Suíça - Dilma deveria ter ido a Davos para apresentar à elite econômica e política internacional reunida no Fórum Econômico Mundial a nova administração e vender – no bom sentido – o Brasil?
A resposta cabe em três palavras: sim, sim e sim.
Cálculos respeitáveis sugerem que os fundos de investimento que estão em Davos movimentam uma cifra que combinada bate em 3 trilhões de dólares.
Alguém quer 3 trilhões?
Ser chefe de governo significa – Dilma tem que saber disso – ser um grande vendedor.
Medvedev, presidente da Rússia, falou em Davos dois dias depois do atentado terrorista num aeroporto de Moscou. Sarkozy, presidente da França, foi também a Davos para dizer que a França se baterá napoleonicamente pelo euro, que enfrenta uma aguda crise existencial. Cameron, o primeiro-ministro britânico, igualmente voou para Davos. Disse aos investidores que é melhor investir em países democráticos confiáveis como o seu do que em nações emergentes politicamente e juridicamente instáveis. Parecia uma referência à Rússia e à China.
Ao Brasil também? Talvez.
O mundo ainda tem que aprender a confiar em Dilma. Lula foi brilhante em se mostrar confiável aos investidores dentro e fora do Brasil a partir da histórica Carta aos Brasileiros, em que avisou logo depois de se sagrar presidente que as regras e os contratos seriam respeitados.
Dilma ainda tem um caminho a percorrer na confiabilidade. Ela é responsável. Mas na volátil psicologia capitalista não basta a alguém ser sério. Tem que parecer sério.
Dilma perdeu uma chance extraordinária de mostrar quem é em Davos.
Teria, além do mais, uma chance única de ver uma das paisagens mais deslumbrantes do planeta: os Alpes suíços esbranquiçados pela neve de janeiro e pontilhados por pinheiros que parecem as árvores de Natal da infância de todos nós.