Brasil

Dilma pedirá governança global sobre internet na ONU

A presidente brasileira apresentará a invasão de privacidade dos cidadãos como uma violação de direitos humanos


	Presidente Dilma durante encontro com Cristina Kirchner em Nova York: no início da noite desta segunda, a brasileira recebeu da colega argentina apoio à sua posição crítica à atuação da NSA
 (Roberto Stuckert Filho/PR)

Presidente Dilma durante encontro com Cristina Kirchner em Nova York: no início da noite desta segunda, a brasileira recebeu da colega argentina apoio à sua posição crítica à atuação da NSA (Roberto Stuckert Filho/PR)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2013 às 09h53.

Nova York - Depois de cancelar a visita de Estado que faria a Washington, a presidente Dilma Rousseff dividirá nesta terça-feira, 24, a plenária da Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) com o americano Barack Obama, principal alvo das críticas que ela fará em seu discurso de abertura do evento.

Dilma pretende usar o encontro para pedir o estabelecimento de uma governança global sobre a internet, que - ao menos em tese - impediria sua utilização por serviços de espionagem. A brasileira apresentará a invasão de privacidade dos cidadãos como uma violação de direitos humanos.

Obama discursará logo depois de Dilma e ainda não está claro se fará alguma menção ao assunto. Também não se sabe se o americano assistirá ao pronunciamento no plenário ou na sala VIP onde os líderes se preparam para entrar no local.

Segundo a assessoria do Palácio do Planalto, até a noite de segunda-feira, 23, a presidente não havia decidido se permaneceria no plenário para ouvir o discurso do americano.

Desde as revelações do ex-técnico da Agência Nacional de Inteligência (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden, Obama tenta aplacar o descontentamento de aliados com a promessa de revisão das atividades de inteligência do país.

Em briefing sobre a Assembleia Geral da ONU, o vice-conselheiro de Segurança Nacional, Ben Rhodes, afirmou que o objetivo de Obama é assegurar que as ações sejam focadas em questões como terrorismo, armas de destruição em massa e problemas relacionados à segurança e não sejam direcionadas a "amigos" dos Estados Unidos.

"Eu tenho certeza de que se esse assunto surgir em Nova York, ele (Obama) terá comentários nessas linhas", observou Rhodes, depois de observar que a questão está sendo tratada de maneira bilateral entre os Estados Unidos e diferentes países, entre os quais o Brasil. Apesar da revisão em andamento, Rhodes ressaltou que os Estados Unidos não têm intenção de abandonar a convicção de que o país deve ter uma comunidade de inteligência "robusta".


Rhodes ressaltou que as atividades são importantes não apenas para a segurança dos Estados Unidos, mas também para a de seus aliados. "Nós compartilhamos muita (informação de) inteligência para ajudar a desmontar planos terroristas, ajudar a lidar com questões como armas de destruição em massa", afirmou.

A presidente chegou a Nova York às 6h desta segunda-feira e passou o dia no hotel finalizando o discurso que fará nesta terça na abertura da Assembleia Geral da ONU. O texto foi discutido por Dilma com os ministros das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, da Educação, Aloizio Mercadante e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, além do assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia.

A viagem que Dilma faria a Washington no dia 23 de outubro seria a única visita de Estado que Obama receberia neste ano e a primeira de um presidente brasileiro desde Fernando Henrique Cardoso. Antes de marcar outra data, a presidente quer receber dos americanos explicações sobre as ações da NSA no Brasil. Documentos divulgados por Snowden revelam que espiões americanos monitoraram comunicações de Dilma com seu principais assessores, algo que a presidente viu como uma violação da soberania nacional.

No início da noite desta segunda, Dilma se reuniu com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, de quem recebeu apoio à sua posição crítica à atuação da NSA. "A questão da espionagem afeta a dignidade da região", declarou Kirchner. "São atitudes que não ajudam a criar uma boa relação e um bom clima, o que todos queremos."

Na quinta-feira, 26, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, poderá se reunir com o secretário de Estado, John Kerry, para continuar a discussão em torno das atividades da NSA no Brasil. Na semana retrasada, Figueiredo esteve em Washington com a conselheira Nacional de Segurança, Susan Rice, em uma conversa que foi decisiva para o cancelamento da visita.

Antes de Kirchner, Dilma recebeu o ex-presidente Bill Clinton, com quem discutiu as atividades da Clinton Global Initiative (CGI). A ministra-chefe da Secretaria de Comunicação, Helena Chagas, disse que o teor do discurso que Dilma fará nesta terça-feira não foi discutido com Clinton.

Segundo ela, o ex-presidente convidou a brasileira para evento que a CGI fará no Brasil no fim do ano. Criada em 2005, a entidade reúne chefes de Estado, CEOs e personalidades na busca de soluções para problemas globais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Brasil-EUADilma RousseffEspionagemONUPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022