Dilma Rousseff durante discurso na Assembleia Geral da ONU: a presidente destacou a crise dos refugiados na Europa, condenou o Estado Islâmico e pediu ainda o livre trânsito de pessoas pelo mundo (Mike Segar/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2015 às 14h04.
Nova York - A presidente da República, Dilma Rousseff, defendeu em seu discurso nas Nações Unidas (ONU) na manhã desta segunda-feira, 28, que 2015, ano em que a instituição, que reúne mais de 180 países, completa 80 anos, é o momento ideal para a reforma da ONU.
A presidente destacou a crise dos refugiados na Europa, condenou o Estado Islâmico e pediu ainda o livre trânsito de pessoas pelo mundo.
"Em um mundo onde circulam, livremente, mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas", afirmou Dilma.
A presidente começou seu discurso, para uma plenária lotada, falando da necessidade de mudanças na ONU, de forma que a instituição reflita o novo equilíbrio de forças da economia mundial, com os países emergentes, por exemplo, ganhando mais peso.
"Temos a esperança que a reunião que hoje se inicie entre para a história como ponto de inflexão na trajetória das Nações Unidas", disse Dilma.
Ela ressaltou que a ONU teve avanços importantes em seus 70 anos, destacando que o processo de descolonização "apresentou notável evolução", bem como questões para tratar das mudanças climáticas, o fim da pobreza e desenvolvimento sustentável.
Nesse sentido, "temas como desafios urbanos e as questões de gênero e raça ganharam prioridade", disse ela.
A ONU, porém, não conseguiu o mesmo êxito ao tratar de outros temas, como a segurança coletiva.
"A multiplicação de conflitos regionais, alguns com alto potencial destrutivo, assim como a expansão do terrorismo, que mata homens, mulheres e crianças, destrói o patrimônio da humanidade, expulsa de suas comunidades seculares milhões de pessoas, mostram que a ONU está diante de um grande desafio."
A presidente do Brasil defendeu a reforma "abrangente" do Conselho de Segurança, com ampliação de seus membros permanentes e não permanentes.
Ao longo do final de semana em Nova York, Dilma tocou no tema e se reuniu com Alemanha, Japão e Índia, que junto com o Brasil, foram o G-4, grupo criado especialmente para pedir reformas no Conselho.
"Para dar às Nações Unidas a centralidade que lhe corresponde, é fundamental uma reforma abrangente de suas estruturas."
A reforma da ONU, afirmou Dilma, é essencial para criar uma instituição mais forte, que lide com crescentes problemas da economia mundial. Ela mencionou o terrorismo e conflitos armados, que produzem outro problema, os refugiados.
"Não se pode ter complacência com tais atos de barbárie, como aqueles perpetrados pelo Estado Islâmico e outros grupos associados", disse, mencionando o menino sírio encontrado morto em uma praia na Turquia e as 71 pessoas asfixiadas em um caminhão na Áustria.
Aplausos
O Brasil, disse Dilma, é um país "de acolhimento", afirmando que a economia brasileira está de "braços abertos" para receber refugiados, momentos em que foi aplaudida pela plateia.
A presidente destacou que o país tem recebido sírios, haitianos e no passado, vários europeus e asiáticos.
Dilma pediu ainda que não se pode "postergar a criação de Estado Palestino" e elogiou o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, bem como o acordo nuclear com o Irã.