Presidente Dilma Rousseff: ''não há sentimento que se justifique diante desse tipo de atos'' (Reuters / Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2012 às 19h53.
Rio de Janeiro - A presidente Dilma Rousseff, que foi presa e torturada durante a ditadura militar, afirmou nesta sexta-feira que não odeia nem pretende vingança pelo sofrimento que passou nos ''anos de chumbo'' do regime, mas disse que não esquece nem perdoa.
''Com o passar dos anos, uma das melhores coisas que me aconteceu foi não me concentrar nessas pessoas (os torturadores) e não ter por elas nenhum tipo de sentimento de ódio ou de vingança, mas também não de perdão'', declarou Dilma em entrevista coletiva realizada na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).
Segundo ela, ''não há sentimento que se justifique diante desse tipo de atos'' e a quem foi torturado só resta ''a frieza da razão''.
No fim de semana passado, os jornais ''Correio Braziliense'' e ''O Estado de Minas'' publicaram relatórios até agora reservados segundo os quais, durante os quase três anos que permaneceu presa, Dilma sofreu longas e diversas sessões de torturas, algo que ela mesma tinha denunciado várias vezes.
Dilma, que foi detida pela ditadura por seus vínculos com alguns grupos guerrilheiros, disse que não tem nenhum interesse em identificar seus torturadores, dos quais afirmou que ''alguns nem sequer tinham nomes verdadeiros''.
''A questão não são os torturadores, mas a própria tortura'', considerou a presidente, pois, em sua opinião, ''o torturador é apenas um agente''.
Para Dilma, ''o verdadeiro problema é em que condições se estabelece a tortura'', mas reconheceu que o importante para quem a sofreu é ''virar a página''.