A presidente Dilma Rousseff demonstrou, em seu discurso, preocupação, sobretudo com os pequenos agricultores (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2012 às 14h17.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff lançou nesta terça-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, o Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo). O programa tem o objetivo de formar professores, educar jovens e adultos e garantir práticas pedagógicas para reduzir as distorções no cenário educacional do campo brasileiro. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, destacou que a iniciativa "vai dar uma grande contribuição para que o Brasil resgate uma dívida histórica". "Não temos uma política específica de educação para os jovens que vivem no campo brasileiro. O Pronacampo tende a reverter essa situação", disse o ministro.
A presidente Dilma Rousseff demonstrou, em seu discurso, preocupação, sobretudo com os pequenos agricultores, da agricultura familiar e assentados. Segundo ela, parte significativa da população mais pobre deste País está em áreas de quilombolas ou nas áreas onde não houve prosseguimento das ações de reforma agrária. Ela destacou a importância da iniciativa do Pronacampo, que vai preparar os estudantes na sua área, que é responsável por boa parte do superávit comercial do País.
A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD-TO), presente à solenidade, disse que as "políticas públicas se concentraram no campo apenas com transporte escolar e nada mais". "São décadas de abandono no campo", disse a senadora, que elogiou a iniciativa do governo.
Durante a cerimônia, uma mulher com boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pediu que a escola do campo "seja como a nossa casa, não como a casa alheia" e entregou à presidente um dicionário sobre a educação no campo. Da plateia, algumas pessoas cantaram que "Educação no campo é direito, não é esmola".
Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), no campo, 23,18% da população com mais de 15 anos é analfabeta e 50,95% não concluiu o ensino fundamental. O governo quer permitir acesso de 1,9 milhão de estudantes a bibliotecas escolares, implantar ensino integral em mais de 10 mil escolas, promover formação continuada para mais de 10 mil professores, oferecer 120 mil bolsas de formação profissional no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), disponibilizar recursos para a construção de 3 mil escolas e aquisição de 8 mil ônibus escolares. O Programa Nacional do Livro Didático também deve garantir a distribuição de material sobre a realidade rural para mais de 3 milhões de estudantes.