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"Estou tendo meus direitos torturados", diz Dilma Rousseff

Em entrevista coletiva, presidente Dilma afirmou que se sente injustiçada e admitiu que irá demitir deputados com cargos no governo que votaram a favor do impeachment

Dilma Rousseff:  (Roberto Stuckert Filho/PR)

Dilma Rousseff: (Roberto Stuckert Filho/PR)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 19 de abril de 2016 às 11h29.

São Paulo –  A presidente Dilma Rousseff (PT) fez, no final da tarde desta segunda-feira, o  primeiro pronunciamento desde que a Câmara dos Deputados aprovou o prosseguimento do processo de impeachment que tramita contra ela no Congresso. 

"Os atos sobre os quais me acusam foram praticados por outros presidentes da República. E eles não se caracterizaram como atos criminosos", disse a presidente na coletiva de imprensa desta segunda-feira (18). "Tenho a consciência tranquila de que não os fiz ilegalmente". 

A petista é acusada de crime de responsabilidade por cometer as chamadas pedaladas fiscais e emitir decretos de abertura de créditos suplementares sem consultar o Congresso. 

"Essa situação só pode provocar uma imensa sensação de injustiça contra o Brasil, a verdade e o Estado democrático de direito", afirmou. "Eu me sinto injustiçada, pois considero que este processo é um processo que não tem base de sustentação".

E continuou: "Estou tendo meus direitos torturados, mas não vão matar a esperança, porque eu sei que a democracia é sempre o lado certo da história". 

Michel Temer

Sobre a postura do vice Michel Temer, Dilma exalou indignação. "É extremamente inusitado e estranho um vice-presidente, no exercício de seu mandato, conspirar abertamente contra a presidente", afirma. "Em nenhuma democracia do mundo, uma pessoa que fizesse isso seria respeitada. A sociedade humana não gosta de um traidor". 

Traições 

Questionada sobre possíveis movimentações na equipe, a petista declarou que não deve modificar ministérios. A exceção, segundo Dilma, fica com os casos de parlamentares que votaram a favor do impeachment - como o ex-ministro  Mauro Lopes (Aviação Civil) que entregou o cargo para votar contra a presidente na noite de ontem.

"Estes não podem permanecer no governo por uma simples questão de consequência de seus próprios atos", diz. "Estranho seria o contrário". 

De todos os partidos da base aliada de Dilma Rousseff, apenas dois votaram integralmente contra o impeachment: o PT e o PC do B. Juntas, as duas legendas garantiram 70 votos em apoio à presidente.

Ressentimento

Ela negou, contudo, que a decisão da Câmara seja fruto de um ressentimento com falhas na maneira como seu governo lidou com aliados.

"Qualquer governo pode cometer erros, mas ressentimento não é justificativa para nenhum processo de impeachment", afirmou.

https://youtube.com/watch?v=Q_AZFIejQRg
 

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