Brasil

Dilma falar em golpe é retórica, diz Gilmar Mendes

"Parece demasiado falar-se em golpe. A própria presença da presidente no Senado, um pouco invalida essa tese", disse o ministro


	Gilmar Mendes: "parece demasiado falar-se em golpe. A própria presença da presidente no Senado, um pouco invalida essa tese", disse o ministro
 (Carlos Humberto./SCO/STF/Fotos Públicas)

Gilmar Mendes: "parece demasiado falar-se em golpe. A própria presença da presidente no Senado, um pouco invalida essa tese", disse o ministro (Carlos Humberto./SCO/STF/Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2016 às 20h45.

São Paulo - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta segunda-feira, 29, que, ao insistir na tese do golpe, "a presidente afastada faz um jogo de retórica".

"Compreende-se, o momento bastante difícil. Ninguém falou em golpe, a não ser o próprio (ex-presidente Fernando) Collor quando ocorreu o impeachment. Não me parece, que com tanta supervisão, por parte do Congresso, da Câmara, do Senado, o Supremo acabou por regular tudo isso", disse Gilmar Mendes.

Ele destacou que o julgamento no Senado é presidido pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF. "Parece demasiado falar-se em golpe. A própria presença da presidente no Senado, um pouco invalida essa tese."

Para o ministro, o julgamento do impeachment de Dilma mostra que, "as instituições estão funcionando".

"Nós estamos consolidando, solidificando a nossa democracia. É claro que a própria chegada do PT ao poder foi um sinal de vitalidade da nossa democracia, alternância de poder, depois de forças políticas diferentes terem estado (no poder). Collor, inicialmente, depois Fernando Henrique Cardoso, depois Lula e Dilma. Isso dá um sinal de vitalidade, mas é claro que terminar esse ciclo com o impeachment e também tudo o que foi revelado, mostra que estamos encerrando um ciclo de maneira bastante melancólica". avalia o ministro.

Segundo Gilmar Mendes, o desfecho do processo do impeachment se conclui "de maneira bastante depressiva, certamente temos que cuidar para que o País retome linhas básicas de desenvolvimento econômico e institucional".

Ele disse que "não há mais como fugir ao projeto de reforma política". "Temos que tirar um grande aprendizado do que aconteceu", declarou.

Ao ser indagado se para o País é melhor que Dilma saia definitivamente da Presidência ou volte ao Palácio do Planalto, o ministro foi enfático.

"O importante é que esta questão se defina. Esse quadro de indefinição, que já dura bastante tempo, estamos falando de 11 meses, custa muito ao País. Aqueles que pensaram o impeachment, não pensaram em um resultado final. O que se quer é que haja um desenlace, que as forças políticas cheguem a um acordo, renúncia, ou coisas do tipo. Foi assim de alguma forma com Nixon (ex-presidente dos EUA Richard Nixon, impichado em 1974 no escândalo Water Gate). É um pouco esse modelo. Mas entre nós, ironicamente, nos dois impeachments que tivemos, nós estamos chegando até ao fim. Collor tentou renunciar durante a sessão de julgamento definitivo, mas talvez falte um pouco de força às nossas instituições para dar cabo a isso."

Para o ministro, o impeachment "é um processo doloroso para todos e extremamente constrangedor, às vezes até vexatório".

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffImpeachmentPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado

O que muda com projeto que proíbe celulares nas escolas em São Paulo

Haddad se reúne com cúpula do Congresso e sinaliza pacote fiscal de R$ 25 bi a R$ 30 bi em 2025

Casos respiratórios graves apresentam alta no Rio e mais 9 estados