Após reunião, Dilma e Temer estiveram juntos no Palácio do Planalto (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de setembro de 2015 às 20h52.
Brasília - Mesmo diante dos sinais cada vez mais claros de afastamento do vice-presidente Michel Temer, a presidente Dilma Rousseff procurou nesta terça-feira, 8, o peemedebista para conversar e tentar alinhar o discurso entre eles.
Os dois estiveram juntos no final da tarde, antes de Temer sair para um jantar com governadores do PMDB no Palácio do Jaburu.
Depois de o vice não comparecer à reunião da coordenação política pela manhã, Dilma telefonou para Temer e pediu para que ele convocasse os líderes da Câmara para tratar da pauta de votações da semana.
Deputados foram chamados de última hora para o encontro na vice-presidência, do qual também participaram os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Aviação Civil, Eliseu Padilha.
Após essa reunião, Dilma e Temer estiveram juntos no Palácio do Planalto. A expectativa é que o vice defenda, durante o jantar com os peemedebistas, o aumento da Cide sobre a gasolina como uma das formas de ampliar a arrecadação.
O clima de apreensão no governo em relação às movimentações de Temer aumentou depois de o vice dizer, na semana passada, que a presidente não conseguiria permanecer no cargo se o governo continuasse tão mal avaliado pela população.
No domingo, diante do mal-estar causado pelas declarações, a assessoria de Comunicação da Vice-Presidência divulgou uma nota descartando qualquer movimento de conspiração de Temer contra Dilma.
O gesto foi bem-recebido por ministros palacianos, que têm adotado o discurso de que confiam no peemedebista e não acreditam que ele possa vir a apoiar um eventual pedido de impeachment da presidente.
Apesar de ainda não haver uma estratégia traçada, há consenso entre os auxiliares da presidente que o melhor caminho agora é a reaproximação com o vice. Com isso, esperam impedir que o PMDB desembarque do governo, o que deixaria a petista ainda mais isolada.
Na semana passada, Dilma ouviu esse conselho inclusive do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, ele defendeu que, se o governo perder o apoio do PMDB, o desfecho da crise pode se tornar imprevisível.