Dilma Rousseff: reunião entre a presidente e seu padrinho político ocorreu em um elegante hotel da zona sul de São Paulo (Getty Images/Carlos Alvarez)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2014 às 21h56.
Brasília - Em encontro de três horas, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversaram nesta sexta-feira a sós sobre a crise política e a tentativa da oposição de instalar uma CPI da Petrobras para fustigar o governo na campanha eleitoral. Lula avalia que o Palácio do Planalto deve fazer de tudo para segurar a CPI, considerada uma "arma" perigosa na direção de Dilma.
A reunião entre a presidente e seu padrinho político ocorreu em um elegante hotel da zona sul de São Paulo e foi a primeira depois que veio à tona a compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras. O negócio causou prejuízo milionário à estatal, como revelou reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Na avaliação de Lula, Dilma está na defensiva e precisa reagir, intensificando as viagens para mostrar à população o que o governo está fazendo. Para ele, a campanha começa a esquentar agora, porque, além do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Dilma terá em seu encalço o presidente do PSB, Eduardo Campos, que deixou hoje o governo de Pernambuco.
Aécio e Campos serão adversários da presidente na disputa pelo Planalto e acertaram uma ofensiva conjunta para montar a CPI da Petrobras. A estratégia do governo para inviabilizar a apuração do superfaturamento nos negócios da estatal consiste em apresentar sempre novos pedidos de CPI. Após vários movimentos de idas e vindas do Planalto, a ideia agora é bater na tecla da necessidade de ampliar o foco das investigações - atingindo, por exemplo, o cartel do Metrô em São Paulo e denúncias de irregularidades no Porto de Suape, em Pernambuco -, para desgastar Aécio e Campos. Na prática, o governo conta com a proximidade da Copa e do calendário de campanha eleitoral para enterrar de vez a CPI.
Lula avalia que Dilma acabou puxando a crise para o Planalto quando disse, em resposta a uma indagação do Estado, que só votou favoravelmente à compra de Pasadena porque recebeu laudos incompletos sobre o negócio, que omitiam cláusulas danosas à Petrobrás.
Na época, Dilma era ministra da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da estatal. Lula não gostou de ver sua sucessora praticamente apontando o dedo para José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás e indicado por ele para o cargo.
O encontro de hoje entre Dilma e Lula não constava da agenda presidencial. O compromisso só foi incluído à noite, quase cinco horas após ter ocorrido.
A portas fechadas, o ex-presidente mostrou a Dilma o roteiro que pretende percorrer nesse início de campanha, disse esperar que a cúpula do PT resolva os problemas para a montagem de palanques com o PMDB e prometeu ir logo a Pernambuco, Estado onde ele e Campos nasceram. Dilma quer que o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também participe do núcleo de sua campanha, que é coordenada pelo presidente do PT, Rui Falcão, para ajudá-la no Nordeste.