Gleisi: é investigada por suposto recebimento de R$ 1 milhão para custear a campanha eleitoral da petista ao Senado em 2010 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de julho de 2017 às 12h33.
Brasília - A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli prestarão depoimento nos próximos dias no âmbito de uma ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo.
O depoimento de Dilma está marcado para as 13h desta sexta-feira (28), na sede da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Já Gabrielli prestará depoimento na próxima segunda-feira (31), na sede da Seção Judiciária do Estado da Bahia, às 17h. Ambos falarão na condição de testemunhas de defesa. Na última segunda-feira (24), a ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster prestou depoimento ao STF, também como testemunha de defesa.
Em setembro do ano passado, a Segunda Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia contra Gleisi e Paulo Bernardo, que se tornaram réus na Operação Lava Jato. Gleisi e Bernardo são investigados por suposto recebimento de R$ 1 milhão para custear a campanha eleitoral da petista ao Senado Federal em 2010.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o dinheiro era oriundo do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro estabelecido na diretoria de Abastecimento da Petrobras, na época chefiada por Paulo Roberto Costa. O suposto repasse de quantias ilícitas, de acordo com a PGR, tinha como finalidade a manutenção de Costa no cargo. O pagamento do dinheiro teria sido operacionalizado pelo doleiro Alberto Youssef.
As defesas de Gleisi e Paulo Bernardo alegam que a PGR se baseou exclusivamente nas delações premiadas de Costa e Youssef para apresentar a denúncia.
"Política de coalizão". No último dia 7, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou depoimento ao STF no âmbito da ação penal contra Gleisi e Paulo Bernardo. Na ocasião, Lula disse que o Ministério Público acha "criminoso" o fato de partidos políticos indicarem nomes para ocupar cargos na administração pública federal.
Segundo Lula, essas nomeações fazem parte de uma "política de coalizão" para garantir a governabilidade. Em tom irônico, o petista afirmou que, em outra encarnação, "vamos indicar só gente do Ministério Público" para cargos do Executivo.
De acordo com Lula, Gleisi não teve nenhuma influência na indicação de Costa à Petrobras. "Ela (Gleisi) não tinha cargo público, e o Ministério do Planejamento (na época ocupado por Paulo Bernardo) não tinha nada a ver com as indicações da Petrobras", disse o ex-presidente.