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Dilma e Aécio divergem sobre economia e trocam acusações

A corrupção foi outro dos temas principais abordados pelos candidatos à presidência


	Dilma e Aécio: "não queira dizer que somos iguais", disse o tucano
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Dilma e Aécio: "não queira dizer que somos iguais", disse o tucano (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2014 às 07h11.

São Paulo - A situação da economia brasileira e a corrupção foram os dois principais temas abordados pelos candidatos à presidência Dilma Rousseff e Aécio Neves no primeiro debate do segundo turno das eleições realizado nesta terça-feira.

Aécio, candidato pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), lembrou em várias oportunidades durante o debate, organizado pelo canal de televisão "Band", que a inflação está acima da meta estipulada pelo Banco Central, a economia está em forte desaceleração e o que o atual governo vive um escândalo de corrupção na Petrobras.

"Vocês fracassaram na condução da política econômica. A herança para o próximo presidente que assumir será péssima", criticou o candidato, acrescentando que empresários e investidores estão sem confiança para investir no país.

O candidato do PSDB disse que a inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 6,75%, ultrapassando o teto máximo fixado pelo governo (6,5%), e que a economia brasileira está em tecnicamente em recessão após acumular dois trimestres consecutivos de crescimento negativo.

Dilma defendeu sua gestão e afirmou que nos três primeiros anos de seu governo conseguiu manter a inflação dentro da meta, atribuindo a alta dos preços nos últimos meses a um problema passageiro.

"É claro que quando há um choque de oferta por problemas climáticos, há pressão sobre a inflação. Mas isso é passageiro e ela estará dentro do previsto até o final do ano", comentou.

Sobre as dificuldades econômicas, a candidata petista disse que, apesar da crise internacional de 2008, o Brasil foi um dos poucos países que conseguiram reduzir o desemprego e melhorar a renda dos trabalhadores em meio às turbulências mundiais.

Dilma aproveitou para criticar a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, padrinho político de Aécio e também filiado ao PSDB, que registrou níveis recordes de desemprego quando enfrentou uma crise econômica internacional.

"Continuamos investindo durante a crise. Vocês, por outro lado, gostam de cortar. Cortaram os empregos e os salários. Em 2002, o Brasil tinha um recorde de 11,4 milhões de desempregados", disse a atual presidente.

Aécio rebateu, pedindo que as discussões fossem focadas nos próximos anos.

"Tire os olhos do retrovisor. Vamos falar do futuro, de um Brasil que pode crescer. Não é razoável que sejamos o último país em crescimento na América Latina ao lado da Venezuela. O crescimento deste ano é zero. Seu governo perdeu confiança e a capacidade de atrair investimentos", respondeu o tucano.

O ex-governador de Minas Gerais também aproveitou o debate para criticar o escândalo de corrupção na Petrobras, que atinge o PT e vários partidos da base aliada do atual governo.

"O escândalo da Petrobras é algo incrível. E a senhora só se indignou porque alguém filtrou as denúncias. Há um ex-diretor que vai devolver R$ 70 milhões desviados, ou seja, que assume que roubou", disse Aécio.

Dilma respondeu dizendo que está determinada a punir todos os culpados, sejam eles corruptos ou corruptores. Para acabar com a impunidade no país, ela afirmou que os responsáveis pelo novo escandâlo não podem ficar livres, como ocorreu com os envolvidos em casos de corrupção no governo FHC e em estados controlados pelo PSDB.

"Não queira dizer que somos iguais. O que ocorre na Petrobras é algo muito mais grave, que jamais ocorreu neste país. É preciso mais que um conjunto de boas intenções para resgatar sua credibilidade", respondeu Aécio.

Dilma contra-atacou, citando o caso de um aeroporto construído com recursos públicos em uma fazenda de um parente de Aécio quando ele era governador de Minas Gerais. A atual presidente também o acusou de nepotismo, dizendo que vários familiares do tucano exercem cargos públicos.

O candidato do PSDB disse que todas as acusações eram falsas e que já tinha sido absolvido pelo Ministério Público. Dilma rebateu, afirmando que o órgão não descartou totalmente as investigações sobre o caso do aeroporto. 

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