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Dilma diz que Palocci mentiu em depoimento

Palocci admitiu ao juiz federal Sérgio Moro que a relação das administrações petistas com a Odebrecht era "movida" a propina

Dilma: "Esta é uma estratégia adotada pelo delator em busca de benefícios da delação premiada", afirmou a petista (Lula Marques/Agência PT/Divulgação)

Dilma: "Esta é uma estratégia adotada pelo delator em busca de benefícios da delação premiada", afirmou a petista (Lula Marques/Agência PT/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de setembro de 2017 às 09h19.

Brasília - A presidente cassada Dilma Rousseff afirmou ontem que o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci "é uma ficção". O petista, que comandou o Ministério da Fazenda e a Casa Civil durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma, admitiu ao juiz federal Sérgio Moro que a relação das administrações petistas com a Odebrecht era "movida" a propina.

Em nota, Dilma disse que Palocci "falta com a verdade" quando aponta o envolvimento dela em supostas reuniões de governo para tratar de facilidades à empreiteira durante seu mandato ou de Lula. "Tais encontros ou tratativas relatadas pelo ex-ministro jamais ocorreram. Relatos de repasses de propinas também são uma mentira", afirmou no comunicado.

Palocci está preso desde setembro do ano passado e foi condenado, em junho, pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Anteontem, o ex-ministro - ouvido em ação na qual é réu - disse que Lula e a Odebrecht fizeram um "pacto de sangue" em que a empreiteira se comprometeu a pagar R$ 300 milhões em propina em troca de vantagens nos governos Lula e Dilma.

Segundo Dilma, todo o conteúdo das supostas conversas descritas por Palocci com sua participação, mesmo quando ela assumiu a Presidência, se trata de "uma ficção". "Esta é uma estratégia adotada pelo delator em busca de benefícios da delação premiada", afirmou a petista. "O episódio em que cita um inacreditável benefício à Odebrecht pelo governo Dilma Rousseff, durante o processo de concessões de aeroportos, mostra que o sr. Antonio Palocci mente", assinala a nota.

Dilma afirmou ainda que essa decisão foi tomada pelo governo para "gerar concorrência entre as empresas concessionárias de aeroportos".

"Laranja"

No mesmo dia em que Palocci admitiu sua participação em ilícitos, o empresário Demerval de Souza, dono da construtora DAG, confirmou ter comprado o terreno em São Paulo para a construção da sede do Instituto Lula. Ele disse ter entrado como "um laranja", mas acabou sendo "um pato" nas negociações. "Eu entrei como laranja nesse processo, e eu vejo que eu fui um pato. Isso que eu fui", declarou.

Em nota, a defesa de Lula negou as acusações e afirmou que Palocci foi "pressionado" a fazer "acusações sem provas". "Palocci muda depoimento em busca de delação", afirmou.

A Odebrecht informou também por meio de nota que a empresa "está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua".

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