Dilma Rousseff : "tenho que destacar os avanços desta integração estratégica, especialmente nas áreas de defesa e alta tecnologia", afirmou (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2013 às 13h51.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira que a aliança estratégica com a França nas áreas de alta tecnologia e defesa permite ao Brasil avançar na construção de submarinos, helicópteros e um satélite geoestacionário, assim como em energia nuclear e computação de alto desempenho.
"Tenho que destacar os avanços desta integração estratégica, especialmente nas áreas de defesa e alta tecnologia", afirmou a governante no pronunciamento que fez após uma reunião nesta quinta-feira, em Brasília, com o presidente da França, François Hollande, que iniciou hoje uma visita de Estado de dois dias ao Brasil.
A governante disse que a associação permitiu ao Brasil se beneficiar com a transferência de tecnologia francesa em áreas em que são dominadas por poucos países.
A governante manifestou sua satisfação especialmente pela implementação de um programa conjunto que permitirá ao Brasil construir quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear.
"Esse programa garante a transferência de tecnologia e a nacionalização dos processos produtivos", disse Dilma ao destacar que os submarinos serão construídos no Brasil com componentes nacionais e que no final do processo, o país controlará a respectiva tecnologia.
Dilma também citou o acordo pelo qual o fabricante brasileiro de helicópteros Helibras, uma filial da Eurocopter, constrói no estado de Minas Gerais aparatos dos modelos militar e civil EC725 e EC225.
A presidente também se referiu igualmente ao contrato de R$ 1,3 bilhão assinado hoje para que o consórcio europeu "Thales Alenia Space" construa o satélite geoestacionário que o Brasil usará para suas comunicações militares, e que também prevê a transferência de tecnologia.
Sobre outros acordos assinados hoje, a governante destacou principalmente o de computação de alto desempenho, pelo qual o Brasil adquirirá um super computador francês e montará dois centros de pesquisa nesta área estratégica com tecnologia francesa.
"Atualmente só dez países têm capacidade instalada nesta área estratégica e o Brasil entrará nesse restrito grupo e realizará pesquisas em computação de alto desempenho", disse.
Dilma afirmou que o Brasil também conta com a tecnologia da francesa Areva para a nova usina nuclear que está construindo.
Sobre as relações comerciais entre os dois países, Dilma afirmou que o fluxo comercial cresceu "expressivamente" nos últimos cinco anos apesar da crise internacional e destacou a presença no país de empresas como "Total", integrante do consórcio que venceu o leilão para a exploração da maior jazida petroleira do país.
A presidente também citou o investimento da Renault-Nissan para ampliar suas fábricas no Brasil e a da "Cassino" no setor de supermercados, que transformou o grupo francês no maior empregador do país.
A chefe de Estado disse que essas relações podem ser potencializadas pelo acordo de livre-comércio negociado atualmente entre a União Europeia e o Mercosul, do qual disse esperar "resultados mutuamente vantajosos".
A governante agradeceu o respaldo de Hollande às iniciativas que o Brasil promove na ONU para impedir a espionagem pela internet e garantir o direito à privacidade na era digital.
Nesse sentido, Dilma disse que o Brasil está interessado em uma associação com a França em todas as áreas da defesa cibernética.
Antes do pronunciamento, os dois presidentes participaram da cerimônia de assinatura de sete acordos bilaterais.
Após concluir suas atividades oficiais em Brasília, Hollande viajará à cidade de São Paulo, onde na sexta-feira participará de um seminário empresarial e se reunirá com o governador Geraldo Alckmin e outras autoridades locais.