Brasília - Ao anunciar ontem (29) mais sete nomes para a Esplanada dos Ministérios do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff afastou ainda mais a influência do padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, e da corrente majoritária do PT, Construindo um Novo Brasil, do núcleo de comando do governo.
A escolha do deputado Pepe Vargas (RS) para ocupar a Secretaria de Relações Institucionais, que lida com o Congresso Nacional, selou esse distanciamento.
Ex-ministro do Desenvolvimento Agrário entre 2012 e 2014 e integrante da tendência Democracia Socialista (DS) - mais à esquerda do que a hegemônica Construindo um Novo Brasil (CNB) no espectro ideológico do PT -, Vargas será o segundo gaúcho na "cozinha" do Planalto.
O deputado substituirá Ricardo Berzoini, transferido para o Ministério das Comunicações, e foi escalado por Dilma para fazer dobradinha com Miguel Rossetto, o novo chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Rossetto também é gaúcho e integra a mesma corrente de Vargas no PT.
Embora a cúpula do PT quisesse deslocar Berzoini para Comunicações - uma vez que ele é mais identificado com o projeto de regulamentação da mídia -, a escolha de Vargas para sua antiga cadeira foi considerada por dirigentes do partido como um duro golpe na CNB, a corrente de Lula.
Com a decisão de Dilma, o núcleo duro do Palácio do Planalto não terá mais nenhum nome próximo a Lula. Capitão do time, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), é da CNB, a ala majoritária do partido, mas Lula sempre criticou o que chamava de excessivo "ego" do petista. Mercadante, hoje, é visto no PT como um representante do time "dilmista", e não "lulista".
Além disso, Lula perdeu no Planalto o seu fiel escudeiro Gilberto Carvalho, que sai desgastado da Secretaria-Geral da Presidência, após receber broncas de Dilma por seu conhecido "sincericídio". Carvalho vai assumir a presidência do Serviço Social da Indústria (Sesi).
Além de Vargas, Rossetto e Berzoini em outra vaga, Dilma anunciou ontem (29) outros dois nomes do PT para a equipe: o recém-eleito deputado Patrus Ananias (PT-MG) no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Carlos Gabas na Previdência. Carimbada de "patinho feio" da Esplanada, a Previdência sempre foi um ministério rejeitado por aliados. A pasta estava nas mãos do PMDB, mas Gabas já era o secretário executivo.
Feudos
Atualmente com 17 dos 39 ministérios, o PT terá o espaço bastante reduzido no segundo mandato de Dilma. Já perdeu Educação para Cid Gomes (PROS) e tudo indica que não conseguirá retomar o Ministério do Trabalho, que deve continuar sob comando do PDT.
Seguindo a lógica de lotear o governo para obter apoio no Congresso, Dilma manteve o Ministério dos Transportes na cota do PR de Valdemar Costa Neto, condenado no processo do mensalão.
Para Transportes o escolhido foi o vereador Antônio Carlos Rodrigues (PR), ex-presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Suplente de Marta Suplicy (PT-SP), Rodrigues foi senador quando a petista era ministra da Cultura. Em novembro, porém, Marta deixou a Esplanada batendo a porta e criticando o governo.
Dilma chegou a dizer, em conversas reservadas, que extinguiria os "feudos" de partidos nos ministérios, mas o PR conseguiu se manter no lugar.
Troca
O PP do senador Ciro Nogueira (PI) e do deputado Paulo Maluf (SP) foi para outro ministério. Perdeu Cidades.
Como recompensa, o ministro Gilberto Occhi (PP) ganhou o cobiçado Ministério da Integração, que cuida das obras do Rio São Francisco e tem orçamento alto. Dilma ainda não completou o primeiro escalão. Dos 39 ministros, a presidente anunciou até agora 24 nomes.
Os primeiros foram os integrantes da equipe econômica (Joaquim Levy na Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento, Alexandre Tombini no Banco Central e Armando Monteiro no Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) para acalmar o mercado financeiro e o setor produtivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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1. Nova equipe
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1/18 (Ben Tavener/Flickr/Creative Commons)
São Paulo – A presidente
Dilma Rousseff anunciou hoje parte da equipe ministerial de seu segundo governo. Dentre os principais nomes estão o do governador do Ceará Cid Gomes (Pros), que assumirá o
Ministério da Educação. Também farão parte da nova equipe o governador da Bahia Jacques Wagner (
PT), no Ministério da Defesa, e a senadora Kátia Abreu (
PMDB), no
Ministério da Agricultura. Além de Kátia, outros cinco nomes compõem a cota do PMDB nos ministérios. Alguns dos atuais ministros continuam no cargo. É o caso de Arthur Chioro, da Saúde. Outros nomes já haviam sido divulgados em novembro, como o de Joaquim Levy, para o Ministério da Fazenda. O Palácio do Planalto deve divulgar o restante da equipe ministerial no dia 29 de dezembro.
Dentre as pastas a serem definidas está a das Relações Exteriores. Veja nas fotos quem são os novos ministros do
governo Dilma.
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2. Kátia Abreu - Ministério da Agricultura
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2/18 (Antonio Cruz/ABr)
A senadora faz parte da cota do PMDB no governo, mas foi escolhida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff. A ruralista se aproximou da presidente quando ainda estava no DEM, partido de oposição ao governo. Desde então, a senadora passou pelo PSD e recentemente se filiou ao PMDB. A indicação
não foi bem aceita por parte da base da presidente, inclusive uma parcela do PT. Kátia Abreu é presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
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3. Jacques Wagner - Ministério da Defesa
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3/18 (Agência Brasil)
Filiado ao PT desde 1980, Jacques Wagner está no fim de seu segundo mandato como governador da Bahia. Ele chegou a ser cotado para ocupar outras pastas no segundo governo Dilma, mas ficou com o Ministério da Defesa. Próximo ao ex-presidente Lula, Wagner foi ministro do Trabalho e das Relações Institucionais durante seu governo. O político também já foi deputado federal. Apesar de ter trilhado sua carreira política na Bahia, Jacques Wagner nasceu no Rio de Janeiro.
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4. Edinho Araújo - Secretaria de Portos
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4/18 (Divulgação)
O deputado federal Edinho Silva faz parte da cota do PMDB nos ministérios. Edinho é deputado por São Paulo, e foi eleito em outubro para seu quarto mandato. Ele também já foi prefeito de São José do Rio Preto e de Santa Fé do Sul, além de deputado estadual em São Paulo. O deputado voltou ao PMDB em 2009. Ele havia deixado o partido dez anos antes para se filiar ao PPS. Na década de 1970, Edinho Araújo integrou a Arena.
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5. Vinicius Lages - Ministério do Turismo
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5/18 (Agência Brasil)
Lages é o atual ministro do Turismo e deve permanecer na pasta por enquanto. Há a possibilidade de que o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) assuma a pasta. Porém, o Palácio do Planalto aguarda para saber se ele será um dos nomes envolvidos nas investigações da Operação Lava Jato. Vinicius Lages tem um perfil mais técnico e já atuou na área de turismo no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa). Ele foi indicado para o cargo pelo senador Renan Calheiros (PMDB).
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6. Eliseu Padilha - Secretaria de Aviação Civil
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6/18 (Divulgação)
Filiado ao PMDB desde 1966 (quando o partido ainda se chamava MDB), Eliseu Padilha está chegando ao fim de seu quarto mandato como deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Ele não tentou a reeleição em 2014. Padilha já foi ministro no governo FHC, quando chefiou a pasta de Transportes. Agora, integra a cota do PMDB no governo Dilma, indicado pelo vice-presidente Michel Temer.
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7. Helder Barbalho - Ministério da Pesca e Aquicultura
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7/18 (Marco Santos/PMDB-PA)
Filho do senador Jader Barbalho, Helder também faz parte da cota do PMDB no governo Dilma. Ele foi prefeito de Ananindeua, no Pará, e tentou o cargo de governador do estado nas eleições de 2014, mas foi derrotado por Simão Jatene (PSDB). O nome Barbalho sofre de grande rejeição no Pará, devido às denúncias de corrupção envolvendo o senador Jader Barbalho, ex-governador do estado.
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8. Eduardo Braga - Ministério de Minas e Energia
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8/18 (Agência Brasil)
A pasta de Minas e Energia continuará sob comando do PMDB, agora com Eduardo Braga. Durante os 4 anos do primeiro mandato de Dilma a pasta foi ocupada por Edison Lobão. Braga foi duas vezes governador do Amazonas (2002-2006 e 2006-2010) e, depois, foi eleito senador em 2010. Desde março de 2012, ele é olíder do governo da presidente Dilma Rousseff na Casa.
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9. Cid Gomes - Ministério da Educação
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9/18 (Elza Fiúza/AGÊNCIA BRASIL)
Pela primeira vez em 12 anos, o MEC não ficará nas mãos de um petista. Durante todo o mandato de Lula e Dilma, a pasta da Educação ficou com políticos do partido. Desta vez, a presidente decicdiu nomear Cid Gomes (Pros) para o cargo, que acaba seu mandato como governador do Ceará neste ano. Ele assume o lugar que no primeiro mandato de Dilma ficou a cargo de José Henrique Paim. Durante o 1º mandato de Dilma a pasta já foi ocupada por Fernando Haddad (julho de 2005 a janeiro de 2012) e Aloizio Mercadante (janeiro de 2012 a fevereiro de 2014).
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10. George Hilton - Ministério do Esporte
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10/18 (Divulgação)
O deputado George Hilton, do PRB, assume o Ministério do Esporte. Hilton é Veterano no legislativo com quatro mandatos. É também o presidente regional do PRB-MG.
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11. Gilberto Kassab - Ministério das Cidades
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11/18 (Rogerio Pallatta/Contigo)
O Ministério das Cidades será comandado por Gilberto Kassab, do PSD. O ex-prefeito de São Paulo assumirá o lugar de Gilberto Occhi (PP), que está no cargo desde março de 2014. Kassab, que saiu derrotado na disputa pela cadeira de São Paulo no Senado, passou, junto com seu partido, a apoiar a presidente a partir do início da campanha eleitoral, em junho deste ano.
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12. Aldo Rebelo - Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação
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12/18 (Elza Fiúza/Agência Brasil)
Aldo Rebelo (PCdoB), atual ministro dos esportes, passa a ocupar o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação.
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13. Valdir Simão - Controladoria Geral da União
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13/18 (Divulgação / Ministério do Turismo)
Valdir Simão já foi secretário-executivo do Ministério do Turismo e hoje ocupa o posto número 2 da Casa Civil. Passará a comandar a Controladoria Geral da União.
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14. Nilma Lino Gomes - Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
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14/18 (Eliza Fiúza / Agência Brasil)
A pedagoga mineira Nilma Lino Gomes comanda a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Agora, será titular da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
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15. Joaquim Levy - Ministério da Fazenda
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15/18 (Thomas Lee/Bloomberg)
O novo ministro da
Fazenda, Joaquim Levy, foi diretor do Tesouro Nacional durante a gestão do ex-ministro Antonio Palocci no primeiro mandato de
Lula. Em 2006, ele deixou o governo para trabalhar no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Atualmente é o diretor-superintendente do Bradesco Asset Management, braço de gestão de recursos
Bradesco.
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16. Alexandre Tombini - Banco Central
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16/18 (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
Tombini está no Banco Central desde 1998. Em 2010, assumiu a presidência do BC.
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17. Nelson Barbosa - Ministério do Planejamento
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17/18 (José Cruz/Agência Senado)
Nelson Barbosa foi o escolhido para chefiar a pasta do Planejamento, Orçamento e Gestão. Esteve no governo entre 2003 e 2013, sempre na equipe de Guido Mantega. Entre 2011 e 2013, foi secretário executivo do Ministério da Fazenda.
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18. Veja agora como foi o troca-troca de ministros no 1º mandato de Dilma Rousseff
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18/18 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)