Brasil

Dilma defende punir corruptos sem destruir empresas

A presidente defendeu a apuração e punição com rigor de pessoas envolvidas em corrupção, mas sem prejudicar a Petrobras, empresas privadas e os empregos

Presidente Dilma Rousseff faz discurso na primeira reunião ministerial do segundo mandato (Roberto Stuckert/PR)

Presidente Dilma Rousseff faz discurso na primeira reunião ministerial do segundo mandato (Roberto Stuckert/PR)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 17h23.

Brasília - A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta terça-feira a apuração e a punição com rigor de pessoas envolvidas em corrupção no caso que envolve a Petrobras, mas sem prejudicar a estatal, empresas privadas, a economia e a geração de empregos.

A petroleira está no centro de um esquema bilionário de corrupção investigado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, com sobrepreço em contratos de obras e pagamento de propina a ex-funcionários da estatal, executivos de empreiteiras e políticos.

"Nós devemos punir as pessoas, não devemos destruir as empresas... As empresas são essenciais para o Brasil", disse a presidente na abertura da primeira reunião ministerial de seu segundo mandato, em Brasília.

Foi a primeira vez que a presidente saiu publicamente em defesa das empresas privadas. Até então, Dilma vinha se referindo apenas à Petrobras como estratégica ao país quando falava sobre o escândalo envolvendo a estatal.

"Ser capaz de punir a corrupção não pode significar a destruição de empresas privadas também", enfatizou a presidente.

Entre as 39 pessoas que já se tornaram réus como resultado da Lava Jato, 23 têm ligação com seis das principais empreiteiras do país: Camargo Corrêa, OAS, Galvão Engenharia, Engevix e UTC Engenharia. Essas construtoras estão envolvidas, como sócias ou prestadoras de serviços, em praticamente todas as grandes obras de infraestrutura em andamento no Brasil, incluindo rodovias, aeroportos e hidrelétricas.

Fontes do governo federal disseram à Reuters em 19 de janeiro que o temor principal no caso das empreiteiras refere-se à limitação do acesso dessas empresas a crédito. As principais agências de classificação de risco têm piorado as notas de crédito de companhias citadas na Lava Jato, o que na prática significa que veem um risco financeiro maior. Algumas das companhias estão avaliando a venda de ativos.

Em seu discurso, Dilma disse ainda que a punição dos acusados de corrupção precisa ser feita sem prejudicar a economia do país. "Não podemos de maneira alguma fechar as portas para o crescimento, o progresso e o emprego." Dilma afirmou que em fevereiro o governo enviará ao Congresso um pacote de medidas para endurecer o combate à corrupção, uma promessa feita durante a campanha no ano passado.

Defesa do governo

Durante discurso na abertura da reunião com seus 39 ministros, a presidente pediu que eles façam a defesa do governo e reajam contra boatos. "Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre", disse ela. "Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação", prosseguiu.

Dilma declarou ainda que o governo está tomando todas as ações cabíveis para garantir o suprimento de energia no país, em meio ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Em relação à crise de água que afeta principalmente a região Sudeste, onde está a maior parte da indústria nacional, a presidente disse que o governo apoiou e continuará apoiando os "vultosos investimentos" de Estados.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoDilma RousseffEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisGoverno DilmaIndústria do petróleoPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

PF convoca Mauro Cid a prestar novo depoimento na terça-feira

Justiça argentina ordena prisão de 61 brasileiros investigados por atos de 8 de janeiro

Ajuste fiscal não será 'serra elétrica' em gastos, diz Padilha

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final