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Dilma convoca reunião após protestos contra Copa

O objetivo do encontro é traçar estratégia para evitar que as ações cresçam e atinjam o ápice durante a Copa do Mundo

Protesto contra gastos na Copa do Mundo: o governo avalia que a radicalização das ruas, em junho, teve como origem a forte repressão feita pela Polícia Militar de São Paulo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Protesto contra gastos na Copa do Mundo: o governo avalia que a radicalização das ruas, em junho, teve como origem a forte repressão feita pela Polícia Militar de São Paulo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 08h28.

São Paulo e Brasília - Em um dos protestos mais violentos desde junho, a Polícia Militar baleou anteontem um manifestante, que foi internado em estado crítico.

A tensão gerada pela onda de manifestações pelo Brasil, com atos de depredação e forte repressão por parte da polícia, fez a presidente Dilma Rousseff (PT) tomar, ontem, a decisão de se reunir com sua equipe para traçar estratégia para evitar que as ações cresçam e atinjam o ápice durante a Copa do Mundo.

O tema será tratado com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Celso Amorim (Defesa) e Aldo Rebelo (Esportes). De acordo com informação de auxiliares da presidente, ainda em Lisboa, onde desceu de surpresa e pernoitou antes de seguir para Havana, Dilma foi informada de que os protestos contra a Copa feitos no sábado foram violentos, com pessoas feridas, depredações e ondas de vandalismo. A presidente, então, convocou a reunião para a volta ao Brasil.

Cardozo está de férias. De acordo com sua assessoria, ele deve retornar ao trabalho amanhã. E já encontrará uma série de demandas envolvendo a segurança da Copa, maneiras de evitar que os tumultos se espalhem pelo País e formas de conter a ação violenta contra as manifestações por parte das polícias estaduais.

O governo avalia que a radicalização das ruas, em junho, teve como origem a forte repressão feita pela Polícia Militar de São Paulo aos jovens que protestavam contra o aumento da passagem de ônibus.


Tiros

Anteontem, o manifestante Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça, de 22 anos, foi baleado no tórax e na região genital por policiais militares na Rua Sabará, em Higienópolis, região central de São Paulo. De acordo com a PM, por volta das 22h30, dois homens em atitude suspeita foram abordados na Rua da Consolação e um deles correu.

Segundo a versão dada pela PM, os policiais pediram para revistar a mochila de Fabrício, onde acharam um artefato explosivo. A corporação afirma que o rapaz, então, tentou fugir.

Quando era perseguido, segundo a PM, sacou um estilete que estava no bolso da calça, voltando-se contra os policiais, e acabou baleado. Ele passou por operação na Santa Casa. O hospital diz que foi preciso remover um dos testículos da vítima por causa dos ferimentos.

Testemunhas afirmam que o rapaz não reagiu. "Eram três policiais descendo a rua correndo atrás do menino. Depois do terceiro tiro, o rapaz saiu cambaleando e um policial deu um empurrão nele em cima da árvore", disse um morador da região, que não quis se identificar.

A família do rapaz afirma que ainda tenta descobrir o que de fato aconteceu. "Ele estava na manifestação, se dispersou. Não sei o que aconteceu, ele ficou com medo e correu", disse o irmão da vítima, Gabriel Chaves.


Segundo a polícia, ele seria um adepto da tática black bloc. O irmão de Fabrício diz que ele trabalha como estoquista e que, de fato, frequenta protestos com regularidade. Na página dele do Facebook, entre os perfis preferidos, está a Black Bloc SP.

Apuração

O defensor público Carlos Weis, coordenador de direitos humanos da Defensoria Pública de São Paulo, acompanha o caso de perto. Outro defensor estava no local por acaso e conversou com pessoas que filmaram o rapaz baleado.

"Segundo os relatos, havia três policiais contra uma pessoa com arma branca. É evidente que havia outros meios menos letais de resolver a situação."

Segundo os relatos, ele foi resgatado pela própria PM, contrariando resolução do governo do Estado, que veta a prática. O porteiro de um prédio chegou a pedir uma ambulância, que teria chegado minutos após os policias levarem o rapaz ao hospital.

O caso está sendo investigado a pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil. (Colaboraram Mônica Reolom, Ricardo Della Coletta). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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