Idoso segura cartão do Bolsa Família: Dilma disse que programa poderia acabar caso ela não seja eleita (Ana Nascimento/Ministério do Desenvolvimento Social)
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2014 às 13h48.
São Paulo - A presidente Dilma Rousseff disse neste sábado, em comício na zona sul de São Paulo, que o programa Bolsa Família vai acabar se seus adversários forem eleitos. "Faltam poucos dias para a eleição e, neste momento, o clima fica um pouco quente e nós sabemos que começa uma série de mentiras e boatos falsos por aí", disse a presidente no palanque. "Tem uns que dizem que o Bolsa Família, nosso programa mais importante, o programa que nós consideramos o mais forte para reduzir pobreza e desigualdade, junto com emprego e aumento de salário, vai acabar. Vai acabar se eles forem eleitos", afirmou a presidente candidata à reeleição.
Ao fim do discurso, Dilma retomou o tema ao dizer que os brasileiros obtiveram conquistas nos últimos anos que devem ser defendidas e afirmou que, enquanto presidente, irá continuar a defender o salário e o emprego. "A grande verdade é que estamos convivendo com a primeira geração que não passou fome, com acesso a educação, e não deixaremos isso ser perdido. Conquista que a gente teve é conquista que a gente defende."
Em programas de TV, a campanha petista tem colocado mensagens indicando que adversários podem acabar com o Bolsa Família, em especial Marina Silva (PSB), mas esse discurso geralmente não aparece na boca de Dilma. Marina chegou a responder com uma peça em que apareceu com lágrimas nos olhos contando um episódio de sua infância, no qual passou fome, argumentando que jamais acabaria com o programa.
Ao longo do discurso de hoje, a presidente Dilma defendeu que seu governo se orienta por dois princípios: igualdade de oportunidades, através dos programas sociais e de políticas públicas, e "combate sem tréguas" à corrupção. "Não somos daquele governo que gostava de varrer tudo pra debaixo do tapete", disse Dilma. Ela repetiu as frases que vêm sendo usadas em sua propaganda eleitoral: "Doa a quem doer, atinja a quem atingir, nós puniremos os culpados."
Ao lado do candidato a governador de São Paulo pelo PT, Alexandre Padilha, e do prefeito da capital pelo mesmo partido, Fernando Haddad, Dilma também reforçou a importância da parceria entre os três níveis de governo. "Eu já combinei com o Haddad que vamos fazer muitas casas aqui para o Minha Casa, Minha Vida. Combinei com o Padilha que vamos investir como nunca pra garantir que tenha transporte público de qualidade em São Paulo e não esse metrô que vai a passo de tartaruga."
Dilma tenta, assim, impulsionar o candidato petista ao governo de São Paulo, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do candidato à reeleição Geraldo Alckmin e do candidato do PMDB Paulo Skaf. No palanque, Dilma afirmou que nunca o governo investiu tanto em São Paulo e que o Rodoanel, anel rodoviário que contorna São Paulo e uma das principais vitrines eleitorais de Alckmin, foi construído com dinheiro do governo Federal.
Também participaram do evento ao lado da presidente, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, o senador Eduardo Suplicy e o prefeito de São Bernardo do Campo, também coordenador da campanha da petista, Luiz Marinho.
No discurso, Dilma falou sobre educação infantil e acesso a creches. Repetiu as promessas de universalizar o acesso a crianças de 4 a 5 anos e ampliar o serviço de creches para crianças de até 3 anos de idade. A presidente mencionou muito rapidamente a questão do erro do IBGE ao divulgar dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), dentro de seu discurso sobre educação. "Mesmo com tudo isso que aconteceu quando mudaram as ponderações da Pnad, mesmo com a correção, a taxa de escolarização das crianças de 4 a 5 anos atingiu 81,4% em 2013. É bom lembrar que ela saiu de 74,4%", disse a presidente.
Lei trabalhista
Dilma respondeu a apenas uma pergunta na coletiva concedida à imprensa, sobre legislação trabalhista, quando também alfinetou adversários. "Direitos trabalhistas são conquistas históricas deste País, conquistas que o povo brasileiro não vai deixar ser ameaçado", afirmou. "Não pode ter essa história de que para agradar a A, B ou C se dizer que vai flexibilizar a CLT", completou Dilma, que reforçou ser necessário manter conquistas dos trabalhadores como férias, 13º salário e fundo de garantia.
O programa de governo da adversária de Dilma, Marina Silva (PSB), fala de as relações de trabalho serem reavaliadas e menciona a terceirização como uma ferramenta para gerar produtividade. A pessebista já afirmou diversas vezes, contudo, que não pretende flexibilizar a CLT nem fazer qualquer alteração que implique em perdas de direitos dos trabalhadores. Ontem o candidato do PSDB, Aécio Neves, também voltou ao tema trabalhista e propôs acabar com o fator previdenciário.