Eunício Oliveira: uma das alternativas estudadas é convencer os Sem Terra e se instalarem em um assentamento provisório próximo ao local (Divulgação/ Facebook oficial Eunício Oliveira)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2015 às 13h40.
Brasília - Com a crise da base aliada batendo na porta do Senado, a presidente Dilma Rousseff prometeu nessa segunda-feira, 2, atuar para tentar resolver um dos problemas que mais tem incomodado o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE): a invasão de uma fazenda do peemedebista em Goiás, ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde agosto do ano passado.
De acordo com relatos de lideranças do PMDB que participaram do jantar ontem promovido por Dilma para a cúpula do partido, no Palácio da Alvorada, a presidente disse que os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário) se encarregariam de negociar com os Sem Terra a desocupação da propriedade.
A fazenda do senador fica no município de Corumbá de Goiás. O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) entendeu que a área é produtiva e determinou que ela seja desocupada pelos assentados.
Os presentes ao jantar afirmaram ao Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, que Dilma destacou que, apesar da ordem de despejo, era preciso encontrar uma solução pacífica para o impasse.
De acordo com um assessor palaciano, uma das alternativas estudadas pela pasta do Desenvolvimento Agrário é convencer os Sem Terra e se instalarem em um assentamento provisório próximo ao local, mas fora das posses de Eunício.
O Palácio do Planalto decidiu intervir para solucionar a questão o mais rápido possível para agradar um dos principais peemedebistas do Senado.
A reaproximação ficou ainda mais necessária com o boicote do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao jantar com a presidente, deixando claro o tamanho da sua insatisfação.
Com isso, a crise de Dilma com seu principal aliado, antes limitada à Câmara presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegou ao Senado.
A conta de queixas de Renan com o governo Dilma é longa: perda de espaços na Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobras, a ameaça de ver seu indicado, Vinícius Lages, ser desalojado do Turismo e a penúria financeira pela qual passa o Estado de Alagoas, governado por seu filho.
Eunício tampouco tem externado satisfação com o Palácio do Planalto. Ele tem argumentado a aliados que a invasão de suas terras, ocorrida quando ele disputava o governo do Ceará com o petista Camilo Santana, teve objetivo político.
Além do mais, ele lidera uma bancada de senadores que não se consideram contemplados pelo espaço obtido na reforma ministerial.
Embora o PMDB do Senado tenha três pastas, duas delas (Minas e Energia) e (Agricultura) são escolhas pessoais de Dilma e até mesmo o Turismo, nas mãos de um afilhado de Renan, corre o risco de ser entregue ao ex-presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).