Deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB (Facebook/Arquivo Pessoal/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2017 às 07h26.
Última atualização em 10 de outubro de 2017 às 07h38.
A terça-feira será um dia incomum na Câmara dos Deputados. Em semana curta, não só haverá quórum e atenção na Casa, como será apresentado, pela segunda vez na história, um parecer de denúncia contra um presidente da República.
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O relator da acusação contra Michel Temer, deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB-MG), prometeu para esta terça-feira a apresentação de seu pedido de prosseguimento ou arquivamento da ação da Procuradoria-Geral da República.
A queixa desta vez é por obstrução de Justiça e organização criminosa e a sessão estava preliminarmente marcada para 10 horas.
Há boa chance de atraso, contudo. Andrada adiantou na noite de ontem que poderia pedir a remarcação caso não conseguisse terminar o texto do relatório. O governo tem pressa de fazer tramitar a denúncia para que seja possível sonhar com uma aprovação em tempo recorde da reforma da Previdência. A aposta da consultoria política Eurasia é que o governo deve aprovar ao menos um texto magro, com fixação da idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 para homens e alguma regra de transição. Para isso, terão apenas o mês de novembro.
O discurso do relator, em linha com o que quer o governo, indica que a decisão do relator será de cooperação, pelo arquivamento da denúncia.
Nem mesmo os 89% dos entrevistados que gostariam de ver a denúncia chegar ao Supremo Tribunal Federal, segundo pesquisa Datafolha divulgada no início do mês, serão suficientes para mudar a ideia de governistas. Andrada, com 87 anos e 10 mandatos de experiência, não deve se dobrar à pressão popular.
O ônus fica para o PSDB, que tentou tirá-lo do posto de relator para não se desgastar ainda mais perante o eleitorado, mas não conseguiu.
No fim das contas, o governo quer enterrar a denúncia até o fim do mês. Para isso, precisa passar por uma maratona: até 132 deputados podem falar por 15 minutos na Comissão de Constituição e Justiça.
Depois, a denúncia vai a plenário. A oposição vai tentar fatiar a votação de Temer e dos ministros envolvidos. O planalto quer um grande pacotão da redenção. Temer passou o dia de ontem reunido com congressistas. Até o fim do processo, sua rotina não muda.