O Plano Distrital de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas foi lançado no final de agosto de 2011 (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2012 às 16h48.
Brasília – O secretário de Justiça do Distrito Federal, Alírio Neto, anunciou hoje (2) que o governo do Distrito Federal pretende disponibilizar até 250 vagas para recuperação de viciados dentro do Plano Distrital de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas. Desse total, 90 já estão disponíveis. As vagas serão oferecidas por entidades terapêuticas, que podem ser também do entorno do Distrito Federal. Para isso, elas têm que estar regularizadas como pessoa jurídica, com estatuto, registros na área da vigilância sanitária e receberão por cada vaga que oferecerem R$ 1.200 por mês.
O Plano Distrital de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas foi lançado no final de agosto de 2011 e consiste em um conjunto de medidas integradas que contemplam prevenção ao uso, o tratamento e a reinserção social de usuários e o combate ao tráfico do crack e de outras drogas ilícitas.
A prevenção, repressão e o tratamento de viciados em crack e outras drogas também foi tema de reunião nesta quarta-feira (2) de Alírio Neto com os administradores regionais do Distrito Federal. A secretaria quer contar com a participação deles e integrar o trabalho com todos os setores do governo local, procurando atrair também a participação da sociedade para dar continuidade das ações previstas no plano. O governo local quer incluir, entre outros setores, a participação de entidades ligadas à Construção Civil e a área da educação, que já conta com ações nas escolas.
Para Alírio Neto, o combate ao crack, que é tido como a mais devastadora das drogas, "tem que ser encampado por todos os entes de governo e pela sociedade em geral", por isso a secretaria vai fazer reuniões com outros órgãos visando um trabalho integrado. Ele citou a importância da participação das administrações regionais do DF para o sucesso das ações, dada a sua capilaridade social.
De acordo com pesquisa feita pela Universidade de Brasília (UnB), existem no DF cerca de 4 mil moradores de rua. Desse total, 40% usam drogas lícitas (álcool) ou ilícitas e 60% não consomem essas substâncias. O foco da campanha que o governo do DF vem desenvolvendo desde o ano passado, no entanto, abrange também estudantes e trabalhadores. A ideia é fazer 20 mil entrevistas, de preferência a nível domiciliar, para detectar melhor o problema, pois os usuários às vezes "se negam a dar informações sobre o vício, por isso a pesquisa não é fácil", explicou Alírio Neto.
O plano elaborado pelo DF, segundo Neto, "é um dos quatro realmente completos idealizados no país" (junto com Minas Gerais, Rio de Janeiro e Ceará), pois o de São Paulo não está ainda integrado "com todos os setores que devem participar".
O coordenador de Cidades da Casa Civil do GDF, Francisco Machado, informou que está havendo entrosamento com a Secretaria de Segurança Pública do DF para uma convergência em torno dos objetivos do plano de enfrentamento às drogas. Ele disse que as administrações regionais "revelam falta de controle sobre a situação".
O crack segundo Machado "é um câncer na sociedade. Se no passado se pensava em droga como uma quebra de paradigmas sociais, hoje sabemos que o uso envolve uma situação muito grave, em que a pessoa cai nas mãos do traficante para depois se tornar um doente, se não morrer. E, nesse caso, não ficará livre da dependência química, que no momento só é possível controlar por meio de tratamento", explicou.