David Miranda: no momento em que foi detido, Miranda "ajudava Greenwald em seu trabalho jornalístico", afirmou advogado Matthew Ryder (AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2013 às 20h18.
Londres - Os advogados do brasileiro David Miranda questionaram nesta quarta-feira ante a Alta Corte de Justiça de Londres a legalidade da detenção de seu cliente pela polícia em agosto passado sob a alegação de aplicação de uma lei antiterrorismo.
O advogado Matthew Ryder denunciou o fato de as autoridades terem utilizados "os poderes que confere a luta contra o terrorismo para apreender material jornalístico".
David Miranda, 28 anos e companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, que divulgou os documentos sobre a espionagem mundial dos Estados Unidos obtidos pelo ex-consultor da inteligência americano Edward Snowden, foi detido em 18 de agosto passado pela Polícia britânica no aeroporto Heathrow de Londres.
Miranda, que estava em trânsito proveniente da Alemanha rumo ao Brasil, ficou detido durante nove horas e interrogado com base na Lei Antiterrorista 2000 (Terrorism Act 2000),
Durante sua detenção, a polícia apreendeu seu notebook, seu celular, seus cartões de memória e vários DVDs.
Os advogados afirmaram na audiência que o objetivo principal da detenção de Miranda não era determinar se estava envolvido em atividades terroristas, e sim, "ajudar os serviços de inteligência a ter acesso ao material" em posse do brasileiro.
Os advogados também afirmaram que a ação da polícia está fora da lei, já que constituiu uma "ingerência desproporcional em seu direito à liberdade de expressão".
No momento em que foi detido, Miranda "ajudava Greenwald em seu trabalho jornalístico", afirmou o advogado Matthew Ryder.
Glenn Greenwald escreveu uma série de artigos no jornal britânico The Guardian a partir dos documentos divulgados por Edward Snowden.