Rio Jundiaí: o rio evoluiu do pior nível de poluição (Walmarina/WikimediaCommons)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 09h49.
São Paulo - A ideia de despoluir um rio e usá-lo para abastecimento público deixou de ser uma utopia em São Paulo. Após 30 anos e uma série de obras de coleta e tratamento de esgoto, um trecho de 25 quilômetros do Rio Jundiaí, entre as cidades de Itupeva e Indaiatuba, evoluiu do pior nível de poluição e agora poderá ser tratado para encher a caixa dágua de até 277 mil pessoas na região de Campinas, fato inédito no Estado.
O Rio Jundiaí nasce na Serra dos Cristais, em Mairiporã, na Grande São Paulo, e percorre 128 km até o Rio Tietê, em Salto, a cerca de 100 km da capital.
Com os Rios Piracicaba e Capivari ele forma a Bacia PCJ, onde ficam as principais represas do Sistema Cantareira, que atravessa a pior seca de sua história. Em 47 km, da nascente até Várzea Paulista, o Jundiaí é considerado classe 2, categoria definida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para rios próprios para consumo após tratamento convencional.
A partir dali, a quantidade de oxigênio na água piora por causa do lançamento de esgoto, o que rebaixava os 81 km seguintes para classe 4, mesma categoria do Rio Tietê dentro da Grande São Paulo, na qual a única destinação é para navegação. Na semana passada, contudo, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos aprovou, a pedido do Consórcio da Bacia do PCJ, o reenquadramento do trecho de 25 km para classe 3, no qual o abastecimento humano é permitido após tratamento convencional ou avançado.
Segundo o biólogo Domenico Tremaroli, gerente da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) em Jundiaí, as inaugurações das Estações de Tratamento de Esgoto em Itupeva e Várzea Paulista, pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), entre 2012 e 2013, foram fundamentais para a melhora na qualidade da água do Jundiaí. "Isso prova que com ações organizadas e integradas de saneamento é possível recuperar um rio altamente degradado. Esse trabalho começou em 1984 e até o fim do ano devemos recolocar o trecho restante na classe 3", diz.
Avanço. A "promoção" dos 25 km foi uma demanda do prefeito de Indaiatuba e presidente do Consórcio PCJ, Reinaldo Nogueira (PMDB), e da Sabesp, que opera o abastecimento público em Itupeva. Ambas descartam a necessidade de uso imediato do Rio Jundiaí por causa da crise de estiagem, mas destacam que as águas despoluídas serão essenciais para suprir o crescimento da demanda nos próximos anos.
Com 104 m³ por habitante/ano, a Bacia PCJ tem a menor disponibilidade hídrica do Estado. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera crítica a situação de 1,5 mil m³ por habitante/ano. "No futuro, certamente o Jundiaí será de extrema importância para o abastecimento de Indaiatuba", diz Nogueira. "Hoje, a melhora do rio já nos ajuda com a volta da pesca", conta Osmar Tozi, vice-prefeito de Itupeva.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.