Escola de samba Mangueira desfila nese sábado (Agência Brasil/Tomaz Silva)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2016 às 21h41.
O mau cheiro e a falta de visibilidade do desfile são a menor preocupação do público, que optou por assistir ao Desfile das Campeãs da arquibancada do canal do mangue, tradicional espaço ocupado todos os anos por quem não tem dinheiro para comprar os ingressos para o Sambódromo.
As arquibancadas montadas na Avenida Presidente Vargas são gratuitas e por isso muito procuradas por aqueles que querem sentir a emoção do carnaval, ainda que não tenham a melhor visão do espetáculo, limitando-se a ver a entrada das escolas na Marquês de Sapucaí.
Neste sábado (13), o que se via era muita sujeira acumulada sobre os assentos, principalmente folhas e sementes de árvores, restos de comida, copos e papéis. Para sentar, o público precisava limpar com a mão e sentar sobre panfletos distribuídos por uma rede de supermercados com os enredos das escolas de samba.
“A situação está horrível, nós merecemos mais do que isso. Os banheiros químicos estão sujos e ficam longe. Daqui a pouco eu estarei indo embora, porque não tem condições de ficar aqui”, reclamou a merendeira Janaína Maria. Ela veio de Jacarepaguá junto com a amiga Gabriela da Silva Pereira, que trouxe duas crianças: “Desde quando começou o carnaval não passam uma vassoura aqui. Está tudo sujo, até com fezes de bicho. A gente merecia mais. Pagamos impostos altíssimos e está tudo desse jeito. Estamos abandonados”, protestou Gabriela.
O marceneiro Jorge de Carvalho disse que a situação esteve melhor em anos anteriores. “Esqueceram da gente. As cadeiras estão bastante sujas. Para eles, é tudo o que o povo merece. O que nos resta é isso. Nos anos anteriores estava limpo, este ano está muito sujo”, disse Carvalho, que vem todos os anos ver o desfile nas arquibancadas do canal do mangue.
Até a madrugada de domingo (14) passarão pela Marquês de Sapucaí as seis escolas melhor pontuadas do Grupo Especial, na ordem inversa da colocação: Imperatriz, Beija-Flor, Salgueiro, Portela, Unidos da Tijuca e, por último, a grande campeã Mangueira.
A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) informou que a responsabilidade pela limpeza do entorno do Sambódromo é da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). A Comlurb foi procurada, por meio de sua assessoria, mas até a publicação deste matéria não havia se pronunciado.