Lula disse aos aliados que Dilma já estava pensando numa relação mais próxima dos congressistas (Antonio Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2011 às 23h55.
Brasília - Descontentes com o tratamento frio e distante que o Executivo tem dispensado à base aliada no Congresso, os líderes de partidos que apoiam o governo no Senado reclamaram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, em uma reunião na casa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Segundo relato de um senador, que falou sob condição de anonimato à Reuters, há muitas reclamações na base por conta da relação com o Executivo. Ele lembrou que com Lula era diferente, porque o ex-presidente costumava promover jantares ou almoços com as bancadas, ouvia os problemas e tinha mais proximidade.
"Com a Dilma já se foram cinco meses e só tivemos uma reunião do Conselho Político, mais nada", argumentou o aliado.
Os senadores reclamaram principalmente da fraca articulação política do governo, que dificulta as negociações em torno da formação do segundo escalão e dos projetos de interesse do Executivo no Congresso, contou a fonte.
O líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), minimizou as críticas. Segundo ele, é "natural" que haja um período de ajuste administrativo e que depois a presidente deve se aproximar mais do Congresso.
Lula, que se reuniu com a presidente na terça-feira à noite, disse aos aliados que Dilma já estava pensando numa relação mais próxima dos congressistas.
Muitos reclamam que não conseguem audiências com a presidente ou com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, para encaminhar suas demandas. Acostumados com Lula, os senadores reclamam que Dilma não os atende e que Palocci está muito atarefado sempre.
Segundo a fonte, se o ministro atravessar a crise política decorrente de pedidos da oposição para investigar no Congresso o seu aumento patrimonial, a presidente deveria distribuir um pouco as funções que estão sob responsabilidade do principal membro do governo. Disse ainda que o ministro das Relações Institucionais (SRI), Luiz Sérgio, precisa ganhar mais autonomia para negociar com o Congresso.
Quando a atual presidente assumiu a chefia da Casa Civil, a pasta ganhou um perfil totalmente administrativo, deixando as atribuições políticas para a SRI.