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Desabrigados do Paissandu impedem limpeza no centro de São Paulo

Acampados não quiseram desmontar as barracas porque várias eram frágeis demais para serem refeitas e outras estão armazenando alimentos e objetos pessoais

Largo do Paissandu: prédio, que desabou no dia 1º de maio matando seis pessoas, era ocupado por 279 famílias (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Largo do Paissandu: prédio, que desabou no dia 1º de maio matando seis pessoas, era ocupado por 279 famílias (Rovena Rosa/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de junho de 2018 às 19h38.

Acampados desde o início de maio no Largo do Paissandu, no centro da capital paulista, os desabrigados com o incêndio do Edifício Wilton Paes de Almeida impediram uma ação de limpeza da praça programada hoje (20) pela prefeitura.

O prédio, que desabou no dia 1º de maio matando seis pessoas, era ocupado por 279 famílias, de acordo com número da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

Segundo um dos membros do Conselho Estadual de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, os acampados não quiseram desmontar as barracas porque várias eram frágeis demais para serem refeitas e outras estão armazenando alimentos e objetos pessoais.

Uma das desabrigadas, Tatiana Pereira dos Santos, disse que a prefeitura tentou demonstrar, com a proposta de higiene, uma preocupação que não tem tido na prática. "Eles falaram que é por causa das crianças, da sujeira. E o sol e a chuva, não nos deixam doentes?", reclamou a mãe de seis filhos sobre estar exposta aos rigores do clima por tanto tempo.

A desabrigada diz que a municipalidade prometeu começar a pagar o auxílio aluguel até o próximo dia 25. Tatiana tem 37 anos e vivia há três meses na ocupação do prédio que desabou. Antes de chegar ao edifício, morava nas ruas com os filhos com idades entre 3 e 14 anos.

Prazo para prefeitura

Em audiência de conciliação realizada pela 25ª Vara Cível Federal de São Paulo na quarta-feira (13) da semana passada, o juiz determinou prazo de 15 dias para a prefeitura de São Paulo comprovar pagamento do auxílio-moradia às 279 famílias vinculadas ao edifício que desabou.

No entanto, o representante do Conselho de Direitos Humanos diz que as condições no local são insalubres e que a prefeitura ainda não ofereceu ajuda a boa parte dos desabrigados. "A prefeitura afirma que 144 famílias estão recebendo auxílio-moradia", afirmou Ariel. Ele lembra que, entre os acampados, existem mais de 100 crianças e adolescentes e 11 mulheres grávidas.

Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura ainda não se manifestou sobre a situação.

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