(foto/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2017 às 16h46.
A primeira condenação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no âmbito do processo da Operação Lava Jato, repercutiu entre os deputados federais.
Representantes da oposição na Câmara aprovaram a decisão de Moro e esperam que Cunha faça delação premiada a fim de reduzir sua pena.
Já o aliado do ex-deputado manifestou estranhamento com o fato de o ex-deputado ser o único condenado da primeira lista enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo investigação de pessoas com foro privilegiado.
O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, condenou hoje (30) Eduardo Cunha a 15 anos e 4 meses de prisão, pela prática dos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Cunha está preso em Curitiba desde outubro do ano passado.
“É a confirmação do que nós apuramos aqui. Quando muitos dos colegas parlamentares não acreditavam no envolvimento e na culpa do Eduardo Cunha, nós sabíamos o tempo todo do seu envolvimento e da sua relação. E esse é o primeiro de oito processos”, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Ele manifestou expectativa em relação a uma possível delação premiada.
"Todos nós sabemos que ele sabe muita coisa, e conservou muita coisa, esperando uma absolvição, uma pena mais branda", declarou.
“A sensação que nós temos é a de que nós tínhamos razão quando lutávamos pra que ele respondesse pelos crimes que ele praticou e pra que ele fosse cassado.
Foi uma luta muito dura aqui na Câmara dos Deputados, mas essa primeira condenação prova que nós tínhamos razão, que nós fizemos bem e que ele agora vai responder pelo que ele fez”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), que também é a favor de que Cunha faça a delação premiada.
"Tomara que ele conte tudo o que ele sabe, pra que todos aqueles que cometeram ilícitos sejam também responsabilizados, e a gente possa limpar o Parlamento e começar uma nova era", declarou.
Para Molon, a condenação pode gerar um temor entre os parlamentares citados no processo da Lava Jato e, consequentemente, uma reação no Congresso.
“Para aqueles que praticaram crimes e que temem pela sua responsabilização, isso vai aumentar a preocupação e provavelmente vai aumentar a tendência a uma reação da Casa às medidas que estão levando à condenação de parlamentares e de políticos que tenham cometido crimes. Por isso, é muito importante que a sociedade permaneça atenta e que a gente aqui dentro continue lutando pra evitar qualquer retrocesso, qualquer medida de sabotagem ou retaliação às investigações da Operação Lava Jato", declarou.
Aliado de Cunha
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado de Eduardo Cunha, disse que não pode avaliar a decisão do juiz.
“Não conheço o mérito da sentença, não posso fazer avaliação antecipada. Durante a sua cassação, pelos motivos que levaram à sua cassação aqui na Câmara, eu tive um posicionamento. Tenho certeza de que esta condenação não vem pelos motivos que balizaram a cassação”.
Marun evitou emitir opinião sobre a pena de 15 anos e reforçou sua defesa a Cunha.
“Eu continuo achando estranho o fato de ele ser o único dos agentes políticos com mandato presentes na primeira lista de Janot a ter uma condenação. Cadê os outros? (…) Eu até agora nada vi que pudesse caracterizá-lo como um dos chefes do 'Petrolão'. Eu acredito que tem chefe, ou chefas, soltos, mas cabe à Justiça estabelecer sua ordem de prioridade”, disse Marun.
O juiz Sérgio Moro participa nesta tarde da comissão especial do Código Penal, na Câmara dos Deputados, para falar sobre combate ao crime organizado, entre outros assuntos relacionados às propostas de mudanças nas regras na legislação penal.