Chanceler brasileiro Antonio Patriota e Evo Morales: crise com a Bolívia pode ser a causa da queda do ministro (Afp.com / Str)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2013 às 21h39.
Brasília - Membros da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados se surpreenderam com a demissão do ministro Antonio Patriota na noite desta segunda-feira, 26. Parlamentares governistas e da oposição lamentaram a saída dele em função do episódio envolvendo a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil.
Para o deputado Mendes Thame (PSDB-SP), Patriota conseguiu manter um equilíbrio entre a ideologia política do governo e a tradição da diplomacia brasileira enquanto esteve à frente do Ministério de Relações Exteriores. "É lamentável. Patriota fez tudo que o que poderia para evitar excessos e a politização do Itamaraty", disse o deputado. Na opinião do tucano, Patriota conseguiu "amenizar tendências".
O deputado não fez objeções ao nome de Luiz Alberto Figueiredo, que, segundo ele, teria feito um bom trabalho liderando a diplomacia brasileira na área de mudanças climáticas. "A nossa expectativa é de que ele dê o equilíbrio necessário ao Ministério de Relações Exteriores", comentou Thame.
Para a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Figueiredo foi "compensado" pela presidente Dilma Rousseff por seu trabalho na área. "Que bom que é Figueiredo", comemorou. Perpétua, que teve uma reunião mais cedo com Patriota para tratar da questão boliviana, classificou a decisão da presidente Dilma como "rápida" e disse que o Palácio do Planalto tentou sinalizar para o governo boliviano que não gostaria de ter encerrado o caso dessa forma.
De acordo com Perpétua, havia uma situação de "estresse" permanente na Embaixada em La Paz com a presença do senador, que ameaçou se suicidar em outras ocasiões. "Senti um nível de estresse muito grande por parte dos nossos funcionários", revelou a deputada, que esteve algumas vezes na Bolívia como representante do Parlamento brasileiro. A deputada acredita que o governo brasileiro "demorou muito" para dar uma solução ao problema. "Quinze meses é muito para tomar uma decisão", opinou. "O (Eduardo) Saboia (chefe interino da Embaixada) não tinha outra alternativa e ele arriscou a própria vida", defendeu.
Perpétua disse que Patriota sempre se mostrou disposto a ouvir os parlamentares, mas sinalizou que a relação entre o ministro e a presidente Dilma estava desgastada. "A gente sabia que tinham situações delicadas ali", comentou. "A presidente Dilma queria mais agilidade nas ações. Era o que a gente percebia", emendou.