"Tem funcionários públicos, não todos, uma boa parte, e falo isso porque trabalho na Assembleia, que são vadios, não correspondem", disse Álvaro Boessio (Reprodução/Facebook)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2015 às 20h21.
São Paulo - Você gostaria de receber o seu salário de um mês parcelado em várias vezes? É o que está acontecendo com os servidores do Rio Grande do Sul, uma vez que o Estado passa por uma gravíssima crise financeira. Mas nada não é tão ruim que não possa piorar, certo?
Prova disso é o que disse deputado estadual Álvaro Boessio, líder do PMDB, partido do governador José Ivo Sartori, na Assembleia Legislativa.
Em entrevista à estação Spaço FM, de Farroupilha, na Serra gaúcha, o parlamentar disse que muitos funcionários públicos são 'vadios’.
“Hoje, tem alguns funcionários públicos, não todos, uma boa parte, e falo isso porque trabalho na Assembleia, que são vadios, não correspondem. Depois que passaram no concurso, que estão lá há tempos, querem mandar mais do que os deputados. E assim é no governo, deve ser nas prefeituras, por tudo. Não todos, mas uma boa parcela dessas pessoas”.
“Hoje boa parte desses funcionários são vadios”, diz...
Posted by Rádio Spaço FM on Segunda, 31 de agosto de 2015
E não parou por aí. Boessio dirigiu algumas palavras aos professores gaúchos. De acordo com o peemedebista, metade dos docentes da rede pública do Rio Grande do Sul estão sem trabalhar, e por “coisas que não são lógicas”.
“Temos 80 mil professores no Estado. Sabe quantos estão em atividade hoje? Quarenta mil, a metade. Licença-prêmio, aposentadoria... Que trabalhador tem a cada cinco anos, três meses de licença-prêmio? Tem coisas que não são lógicas (...). Quem paga os salários dos funcionários públicos e os dos deputados também é a população. Hoje, são 10 milhões de pessoas, quase 11, pagando para 400 mil (servidores). Sabe qual é a média de alunos por professor em sala de aula em uma escola particular? São 23 alunos por professor. E, no Estado, 12. Essas coisas que precisamos discutir com o Cpers, com os professores”.
Um ouvinte então quis saber se Boessio toparia baixar os seus salários e outros benefícios, a fim de ajudar os cofres públicos já combalidos do governo gaúcho. A resposta foi a seguinte:
“O salário de deputado é R$ 16,5 mil líquido. É um belo salário, um grande salário, mas vamos dizer que tirasse R$ 5 mil, faz isso vezes 25 e vê quanto que ia dar. Os deputados estão fazendo a sua parte, estão brigando, cada vez mais reduzindo as suas coisas”.
Nas redes sociais, a repercussão foi altamente negativa.
"Boa parte dos servidores são vadios." @AlvaroBoessio, líder do PMDB na Assembléia (o mesmo PMDB que colocou o RS na dívida em que está)
— Coiote Flores (@coiote4fun) 1 setembro 2015
Ganhos do @AlvaroBoessio d PMDB q chamou trabalhadores sem receber salários de vadios https://t.co/oXtZrXWD3w pic.twitter.com/TOoQ3kqmWp
— Atena Lorena (@cadulorena) 1 setembro 2015
Em sua página no Facebook, o líder do PMDB na Assembleia gaúcha chamou a repercussão da sua fala sobre o funcionalismo de “maldosa”, mas se desculpou a quem tenha se ofendido.
“Os amigos que conhecem minha trajetória sindical, sabem que eu jamais teria a intenção de criticar, de nenhuma forma, os policiais que acordam cedo para garantir a nossa segurança, ou os professores que cuidam do futuro do nosso estado, entre outras tantas categorias”, escreveu.
Amigos,Quero aqui me manifestar sobre a repercussão, no mínimo maldosa, que aconteceu no dia de hoje sobre minha...
Posted by Alvaro Boessio on Segunda, 31 de agosto de 2015
Quem vive com R$ 600?
Nesta segunda-feira (31), o governador Sartori anunciou um cronograma de parcelamento dos salários dos servidores públicos estaduais.
No total, serão quatro parcelas, a primeira de R$ 600. Mais R$ 800 serão pagos até o dia 11 de setembro, outros R$ 1.400 no dia 15 do mesmo mês, e por fim a parcela restante – aos que ganham acima de R$ 2.800 – será creditada até o dia 22 de setembro.
O governador gaúcho é esperado nesta terça-feira (1º) em Brasília, onde deve ter uma série de encontro a fim de buscar uma saída para a crise que o Estado atravessa.
Já o funcionalismo gaúcho promete manter uma greve geral até pelo menos a próxima quinta-feira (3).
Dados da Federação Sindical dos Servidores Públicos no estado (Fessergs) apontam para uma paralisação de até 100 mil servidores, entre professores, policiais civis, servidores da saúde, e agentes penitenciários.