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Deputadas propõem incentivo tributário para a contratação de mulheres

Proposta prevê redução da contribuição patronal à Seguridade Social e gera uma renúncia de cerca de 1,1 bilhão de reais no primeiro ano

Deputada Tabata Amaral assina proposta que incentiva contratação de mulheres (Leonardo Prado/Agência Brasil)

Deputada Tabata Amaral assina proposta que incentiva contratação de mulheres (Leonardo Prado/Agência Brasil)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 21 de fevereiro de 2022 às 16h16.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2022 às 16h06.

Oito deputadas federais de seis partidos diferentes apresentaram um projeto de lei que propõe a criação de um incentivo tributário para contratação de mulheres com carteira assinada. A ideia é reduzir de 20% para 10% a contribuição patronal para a Seguridade Social para os novos contratos firmados com mulheres a partir da aprovação da lei.

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O benefício proposto será temporário, concedido por 18 meses, e condicionado à geração de novas vagas formais de emprego na firma. Se, a qualquer momento, o total de empregados, incluindo terceirizados, for menor do que o verificado no mês anterior à entrada em vigor da lei, as empresas não poderão mais participar do programa.

A política, se aprovada pelo Congresso, durará cinco anos e poderá ser renovada dependendo dos resultados de avaliação. O programa será acompanhado pelo Ministério do Trabalho e Previdência ou órgão equivalente, estabelece o texto, apresentado nesta segunda-feira, 21.

Assinam a proposta as deputadas Tabata Amaral (PSB-SP), Elcione Barbalho (MDB-PA), Professora Marcivania (PCdoB-AP), Daniela do Waguinho (MDB-RJ), Tereza Nelma (PSDB-AL), Norma Ayub (DEM-ES), Mariana Carvalho (PSDB-RO) e Greyce Elias (AVANTE-MG). 

O texto foi proposto por uma eleitora em um processo chamado Bora Legislar, aberto pelo gabinete da deputada Tabata Amaral para receber sugestões de projetos. De mais de 500 sugestões, a equipe da parlamentar selecionou cinco, e três foram escolhidas por votação popular.

Custo

A proposta deve gerar uma renúncia de cerca de 1,1 bilhão de reais no primeiro ano e atingir 3,4 bilhões de reais no quinto ano, de acordo com estimativa elaborada pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. 

Para arcar com essa perda de arrecadação, as deputadas sugerem elevar o Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras. Seria uma forma de aumentar o efeito redistributivo da proposta, já que a compensação recairá sobre a parcela mais rica da população.

As alíquotas sairiam de 17,5% e poderiam alcançar 25%, conforme o prazo da aplicação. Atualmente, o intervalo tem como limites 15% e 22,5%. A alíquota específica aplicável a fundos e clubes de investimento também seria elevada.

Segundo as deputadas, o desenho de desoneração de folha proposto é bastante diferente do atualmente vigente no país, “cujas evidências disponíveis apontam para um elevado custo fiscal sem contrapartida na geração de empregos”. 

Exemplo italiano

A proposta é um desenho adaptado de uma reforma implementada na Itália em 2012, que também reduzia a contribuição patronal em 50% para contratação de mulheres. O benefício era concedido por 12 meses, com possível prorrogação para 18 meses, e também havia a contrapartida de aumentar o número de empregados.

O resultado no país europeu foi positivo, segundo estudo mencionado pelas deputadas na justificação do projeto. A medida não afetou os salários líquidos das mulheres, de modo que a incidência do tributo recaiu sobre as firmas, levando à redução do custo por trabalhadora e à geração de empregos para mulheres. 

Não há evidências de que a política tenha afetado os empregos de homens, segundo o estudo. “Não houve substituição de trabalhadores homens já empregados por mulheres elegíveis”, apontam as deputadas. Mesmo após o fim do benefício, a maior parte dos empregos gerados foi mantida.

Desigualdade de gênero

Na justificação do projeto, as deputadas destacam que a desigualdade de gênero ainda é uma característica estrutural do mercado de trabalho de diversos países e que a situação foi agravada fortemente pela pandemia de covid-19. O Brasil está na posição 93 de um ranking elaborado pelo Fórum Econômico Mundial sobre desigualdade de gênero em 156 países.

"Nosso desempenho é muito ruim mesmo quando restringimos a comparação a nossos vizinhos da América Latina e Caribe: entre 26 países da região, só superamos a Guatemala no tocante a desigualdades de gênero", apontam as deputadas.

Segundo o ranking, a posição do Brasil deve-se, principalmente, à baixa representatividade política das mulheres nos parlamentos e governos e à sua baixa participação no mercado de trabalho, além das diferenças salariais observadas entre homens e mulheres que desempenham a mesma função.

O projeto também cita a 2ª edição do Estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil, do IBGE, que mostra que em 2019, antes da pandemia, a taxa de participação das mulheres com 15 anos ou mais no mercado de trabalho era de 54,5%, enquanto para homens era de 73,7%.

 

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