Cezar Augusto Tanner, corregedor da Polícia Militar, durante entrevista coletiva após denúncias do Ministério Público Estadual (Tânia Rego/ABr)
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2013 às 18h12.
Rio - Os depoimentos de cinco policiais militares - quatro mulheres e um homem - foram decisivos para a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) no caso do pedreiro Amarildo de Souza. Os promotores negam ter havido delação premiada. Uma das policiais que depôs, a soldado Thaís Gusmão, acabou no rol de 25 denunciados. À exceção de Thaís, que teria ficado do lado de fora "vigiando" enquanto a tortura transcorria, os demais depoentes ficaram dentro do contêiner.
Do local, embora não pudessem ver, conseguiam escutar pelas paredes finas a aplicação dos suplícios a Amarildo. Em comum, os depoentes têm o pouco tempo na corporação. Os "recrutas", na linguagem da promotora Carmen de Carvalho, não foram denunciados por omissão porque não teria ficado provada a capacidade deles para intervir e cessar a sevícia. As soldados Carolina Andrade Martins, Dezea Juliana da Costa Sousa e Monique Sant'Ana Pinheiro teriam ficado bastante nervosas ao ouvir a tortura. O único depoente homem, Alan Jardim da Rosa, teria tentado intervir, mas foi ridicularizado por outros PMs, de acordo com a denúncia.
"Duas das soldados que relataram o fato disseram `Olha, na hora eu entrei em pânico, comecei a chorar, eu tampava os ouvidos, não sabia o que fazer. Sou recruta, sou operacional`", afirmou Carmen. Na acusação, o MPRJ destaca que Carolina, Juliana e Monique nunca participaram de qualquer operação, "jamais prenderam alguém" e se viram em situação "de profundo estresse".