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Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2015 às 22h08.
Brasília - Quarenta dias e 12 sessões após sua instalação, no fim de fevereiro, a CPI da Petrobrás na Câmara ainda não teve acesso a nenhum documento sigiloso que solicitou e os depoimentos coletados até agora pouco acrescentaram à investigação.
Os requerimentos foram aprovados no dia 5 de março, mas tudo que chegou até o momento são documentos do Senado que já eram públicos.
A lista de convocados incluiu um depoente que se manteve calado, o ex-diretor da estatal Renato Duque, e outra que falou aos parlamentares pela quinta vez, a ex-presidente Graça Foster.
Para dar à CPI acesso aos cerca de 115 documentos sigilosos que estão em seu poder, o Senado exigiu que fossem apresentados pedidos individuais. Segundo a reportagem apurou, os ofícios estão prontos a espera da assinatura do presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que viajou à Itália na semana passada e só deve retornar a Brasília nessa terça-feira, 7.
A comissão também pediu acesso a documentos da Operação Lava Jato que estão na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba. O juiz Sérgio Moro, responsável por investigar o esquema de corrupção na Petrobrás, exigiu que a Câmara apresentasse um advogado responsável pelo material. Apenas nos últimos dias foram destacados oito consultores da assessoria jurídica da Câmara. Um deles será designado para a missão de acessar os documentos confidencias.
Como o volume de papéis é considerado muito grande, e seria inviável transportá-los de Curitiba a Brasília, a CPI ainda discute com o centro de informática da Câmara como será feita de forma segura a transmissão das informações.
"Quanto mais retardar (o envio dos documentos), evidentemente que pode significar atraso na investigação. Mas, se você olhar rigorosamente, a CPI tem um mês, é um período muito curto", afirmou o primeiro vice-presidente da CPI, Antônio Imbassahy (PSDB-BA), apesar de considerar ter havido apenas uma "demorazinha de alguns dias".
Depoimentos
Desde que foi instalada, a CPI já ouviu depoimento de cinco pessoas convocadas pelos deputados, além do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado pela Operação Lava Jato que se apresentou voluntariamente e foi alvo de desagravos. No entanto, apenas o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco apresentou dados novos relevantes. O ex-gerente disse ter providenciado US$ 300 mil para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010.
"Em mais de um mês, a CPI não produziu fatos relevantes e não fez as escolhas acertadas para ouvir as pessoas. Estou muito insatisfeito", afirmou Ivan Valente (PSOL-SP), integrante da comissão.
Na tarde de amanhã, os deputados ouvirão o novo diretor de Gás e Energia da estatal, Hugo Repsold Júnior. Os integrantes da CPI esperam que ele fale sobre a constituição e a operação irregulares de empresas subsidiárias e sociedades de propósito específico da Petrobras.
Na quinta-feira, 9, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, será ouvido. No entanto, deputados da oposição preveem que o máximo que conseguirão será aumentar o desgaste da imagem do Partido dos Trabalhadores. Eles não acreditam que Vaccari trará novidades.