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Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2013 às 19h48.
Brasília – O número de denúncias de tráfico de mulheres no país teve aumento de 1547% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2012. Nos meses de janeiro a junho, o canal de atendimento Ligue 180 recebeu 263 denúncias, das quais 173 sobre casos internacionais e 90 no Brasil.
Em 34% dos registros, havia risco de morte da vítima. Os dados fazem parte do balanço semestral divulgado hoje (7) pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
De acordo com a ministra Eleonora Menicucci, o aumento das denúncias está relacionado ao impacto das campanhas e possibilitou o desbaratamento de quadrilhas que traficavam brasileiras. O levantamento apontou que a maior parte das denúncias foi feita pela mãe da vítima. As denúncias revelaram exploração sexual, de trabalho, remoção de órgãos e adoção.
“O aumento é assustador, mais de 1500%. Em 2012, foram apenas 17 denúncias”, disse a ministra. Nos 90 casos denunciados de tráfico de pessoas dentro do país, 64 eram sobre exploração sexual, 25 exploração de trabalho e uma de adoção.
O serviço Ligue 180, que recebe denúncias de violência contra a mulher e também orienta sobre direitos, atende a 56% dos municípios. De janeiro a junho deste ano, foram registrados 306.201 atendimentos, como em todo o país. Os 50 municípios que mais acessaram o canal têm até 20 mil habitantes.
“Isso significa a interiorização do Ligue 180 e torna visível a violência contra as mulheres. O conhecimento está chegando nos grotões do país, está nos dizendo que também há violência contra as mulheres no interior do país”, avalia Eleonora Menicucci.
No primeiro semestre, as cidades de Gabriel Monteiro (SP), Rio Doce (MG) - ambas com menos de 3 mil habitantes - e o estado do Amapá lideram o ranking de ligações, com pedidos de informações sobre os direitos das mulheres e denúncias. Nas áreas rurais, foram feitos 2 mil atendimentos, referentes a quase 7% dos relatos.
O quadro das denúncias aponta que mais de 80% dos relatos de violência, o agressor era o companheiro, cônjuge ou ex-namorado da vítima. Em quase 20% dos casos, a relação tinha entre cinco e dez anos. Segundo as usuárias do canal, os primeiros atos de violência apareceram no início do relacionamento. A prática diária da violência foi constatada em quase metade dos casos.
Desde a criação do canal, em 2006, já foram registrados mais de 3,3 milhões de atendimentos. Neste período, das chamadas recebidas pelo Ligue 180, mais de 470 mil pediam informações sobre a Lei Maria da Penha. A ministra defendeu a lei e argumentou que a precisa ser mais divulgada.
“A lei é um sucesso, ela tem que ser aperfeiçoada na sua implementação. A lei veio para ficar e agregou outros instrumentos de defesa da mulher”, disse. "Enquanto não tivermos uma rapidez, continua a mesma situação. A mulher vai à delegacia, pede que a medida protetiva. Quando essa medida chega, a mulher já morreu. Temos feito parcerias com os tribunais dos estados para acelerar esse processo. O instrumento legal da medida protetiva é fundamental", completa.
De acordo com a ministra, ainda não há dados consolidados sobre a solução das denúncias registradas no canal. Para aperfeiçoar o serviço, a pasta vai insvetir R$ 25 milhões até o final de 2014 no processo de alteração do canal para Disque 180. As denúncias serão redirecionadas para o Ministério Público, a Polícia Civil e Militar ou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O novo sistema deve começar a funcionar em dezembro deste ano.