Rui Falcão: o dirigente disse também que no Brasil, hoje, há uma "inversão de valores" e que as pessoas precisam se provar inocentes (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 20h56.
São Paulo - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou nesta segunda-feira, 15, que as denúncias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), são infundadas.
O dirigente disse também que no Brasil, hoje, há uma "inversão de valores" e que as pessoas precisam se provar inocentes.
"São denúncias infundadas haja vista que o sítio tem escritura, tem nome de proprietário e o proprietário faculta a visita a esse sítio pra quem ele quiser, principalmente ao presidente Lula com quem um dos proprietários praticamente foi criado, desde a infância, então é uma denúncia que não faz nenhum sentido", afirmou em relação à propriedade de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de um dos filhos de Lula, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.
"Hoje as pessoas têm que provar que são inocentes. No caso, embora a escritura esteja registrada em cartório em nome de outra pessoa, o presidente Lula é que tem que provar que não é dele. É uma inversão de valores, uma inversão dos fatos e vocês ficam propagando isso, inclusive", prosseguiu Falcão ao se dirigir à imprensa.
O dirigente participava de uma coletiva após reunião do Conselho Político do PT.
Durante a coletiva, Falcão foi evasivo tanto em questões relacionadas ao ex-presidente, que participou da reunião do conselho, como em relação ao posicionamento do partido sobre temas econômicos.
O presidente do PT abriu sua fala a jornalistas dizendo que o encontro não tratou de estratégias de defesa de Lula com relação às denúncias ligadas ao sítio e ao tríplex no Guarujá - sobre o qual Lula e a mulher Marisa Letícia foram chamados a depor na próxima quarta-feira, dia 17.
"Primeiro queria desmentir cabalmente uma antecipação que houve em alguns sites de que essa reunião era pra discutir linha de defesa do presidente Lula, isso não ocorreu, não estava na pauta e não foi mencionado", afirmou.
Questionado pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, sobre a nota enviada por ele próprio mais cedo, falando de 'solidariedade' ao ex-presidente, Falcão chegou a dizer que não sabia da nota assinada por ele e depois afirmou que não havia associado o assunto.
"As ameaças crescentes ao estado democrático de direito, a ofensiva reacionária para criminalizar o PT e a escalada de ataques ao companheiro Lula são temas prioritários na reunião do Conselho Político da Presidência do PT", dizia a nota assinada por Rui Falcão e divulgada na manhã de hoje. "Não tratamos desse assunto", respondeu o dirigente na coletiva.
Havia expectativa de petistas de que Lula desse uma resposta mais clara sobre qual será sua linha de defesa.
Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast Político, a reunião, que durou cerca de três horas, falou sobre crise política e econômica no País e a defesa de Lula não foi centro de debates.
Sindicalistas criticaram a proposta de reforma da Previdência e houve uma intervenção de um integrante do conselho reclamando da entrevista do marqueteiro Edinho Barbosa ao jornal Estado de S. Paulo no domingo (14).
Na entrevista, o marqueteiro, que voltou a trabalhar com as campanhas nacionais do PT no fim do ano, admitiu que pode ter havido um erro de avaliação do partido do desgaste que as denúncias sobre o sítio e sobre o tríplex poderiam ter sobre a imagem de Lula e da legenda.
Edinho Barbosa chegou a dizer também que o partido precisa deixar o discurso das 'reclamações queixosas', de vitimização e postura contra a grande mídia.
"Não vi a entrevista do Edinho, essa questão deve ser examinada com ele. Não sei o que é erro de avaliação e em que aspecto, talvez ele tenha alguma pesquisa", desconversou Rui Falcão ao ser perguntado sobre as falas do marqueteiro ao jornal.
Economia
Rui Falcão ressaltou que o Conselho Político tem papel consultivo e não deliberativo e que as sugestões elaboradas no colegiado serão levadas à reunião do diretório nacional do PT, no Rio, no fim do mês.
Ele não quis dar qualquer detalhe sobre propostas que o partido pode apresentar para a retomada do crescimento econômico do País.
Sobre reforma da Previdência, disse que o PT não vai "interditar o debate", mas que mantém a posição de que qualquer mudança deve ser discutida no fórum criado pelo governo, com participação de empresários e trabalhadores.
"Nós já nos posicionamos com relação à reforma da Previdência dizendo que o foro legitimo é o foro criado pelo governo, que vai se reunir na quarta-feira, entre empresários, trabalhadores da ativa e aposentados. Nós não vamos interditar o debate, ele já se iniciou nesse foro, onde foi aprovado o 85/95. Se há outras sugestões, esse foro vai examinar", finalizou.