Rodrigo Pacheco: ele disse ainda que, tão logo receba do presidente da Câmara a instrução da denúncia, vai designar um relator do caso (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 27 de junho de 2017 às 17h11.
Brasília - O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), afirmou nesta terça-feira que o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria encaminhar a denúncia contra o presidente Michel Temer imediatamente para a Casa decidir se autoriza o julgamento da acusação, em vez de seguir o rito sugerido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de dar 15 dias de prazo ao peemedebista para fazer uma defesa prévia.
Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) mineira e criminalista, Pacheco considera que essa defesa prévia já é um ato do processo e, portanto, não deveria ser feita agora.
"O ato procedimental no Supremo, na minha opinião, somente poderia ocorrer após a deliberação da Câmara", avaliou o deputado ao ser questionado sobre a medida.
Na prática, a decisão do STF vai atrasar a decisão final dos deputados sobre se autoriza a corte a julgar se recebe ou não a denúncia contra Temer.
O governo pretendia acelerar a tramitação do caso na Câmara confiante de ter votos suficientes dos deputados para impedir a apreciação da denúncia criminal por corrupção passiva.
Pacheco disse que, até o momento, não soube se algum aliado do presidente vai apresentar esse questionamento ao Supremo para tentar abreviar o rito de tramitação.
O presidente da CCJ disse ainda que, tão logo receba do presidente da Câmara a instrução da denúncia, vai designar um relator do caso.
Questionado sobre a pressão do governo para que escolha um nome alinhado a Temer, ele disse que não vai ceder a pressões e indicar um nome para a função que tenha conhecimento jurídico e independência para avaliar o caso. Ele disse que o nome poderá ser do PMDB, partido dele e de Temer, mas não tem essa obrigação.
"Não aceito pressão", avisou ele, que é do partido de Temer e chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Justiça no atual governo. Ele acabou sendo preterido pelo colega de bancada Osmar Serraglio (PR), trocado recentemente pelo ex-titular da Transparência Torquato Jardim.
Pacheco afirmou que não leu ainda a denúncia contra Temer, tendo pedido para sua assessoria uma cópia para avaliar a acusação.
O presidente da CCJ reconheceu que há, no regimento interno da Câmara, previsão para que mais de uma proposição tramite conjuntamente.
A expectativa é que, em breve, Janot faça uma segunda denúncia criminal contra Temer, dessa vez por obstrução à Justiça. Ele disse que, no caso de proposições com matérias correlatas, cabe ao presidente da Câmara decidir se elas vão andar ao mesmo tempo.
Se isso ocorrer, a junção das denúncias prejudicaria a estratégia de Janot de fatiar as acusações. Essa medida permitiria, na prática, mais de uma votação pelo plenário da Câmara para autorizar o STF a julgar se recebe a denúncia contra Temer.
Pacheco, entretanto, defende que, na hipótese de oferecimento de mais de uma denúncia pelo procurador-geral, o correto seria cada uma delas tramitar separadamente.
"Cada proposição legislativa tem vida própria e caminho legislativo próprio", defendeu ele, ao argumentar que seria um "imbróglio" decidir unir denúncias que tenham sido encaminhadas à Câmara em momentos distintos.