Brasil

Denúncia de propina de US$ 5 mi enfraquece Cunha na Câmara

A denúncia foi feita na quinta-feira, 16, pelo lobista Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, em depoimento à Justiça Federal


	Segundo a denúncia, Eduardo Cunha exigiu US$ 5 milhões de propina em dois contratos da Petrobras para a compra de navios-sonda
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Segundo a denúncia, Eduardo Cunha exigiu US$ 5 milhões de propina em dois contratos da Petrobras para a compra de navios-sonda (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2015 às 08h13.

Brasília - Aliados e opositores do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acreditam que a denúncia de que ele cobrou US$ 5 milhões de propina acelera um processo de enfraquecimento do peemedebista na Casa - iniciado com pauta conservadora que impõe e pela postura considerada "ditatorial" na condução dos trabalhos.

A denúncia foi feita na quinta-feira, 16, pelo lobista Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, em depoimento à Justiça Federal.

Segundo a denúncia, Cunha exigiu US$ 5 milhões de propina em dois contratos da Petrobras para a compra de navios-sonda. Segundo o delator, a cobrança foi feita pessoalmente por Cunha em encontro em 2011, no Rio.

As denúncias também foram feitas em delação à Procuradoria-Geral da República, comandada por Rodrigo Janot.

Para os parlamentares, se Cunha começou o dia afirmando que a Lava Jato não lhe tirava o sono, terminou com o lobista Julio Camargo lhe garantindo insônia.

Após o fato, o presidente da Câmara se encontrou com o vice-presidente da República, Michel Temer, comandante do PMDB, na Base Aérea. Em razão da crise, eles avaliaram o quadro e Cunha decidiu permanecer durante esta sexta-feira, 17,em Brasília.

Ele também decidiu não alterar o pronunciamento que fará hoje à noite, quando irá apresentar um balanço de sua gestão. "O espaço é institucional. Não posso usar para fins pessoais", afirmou ao jornal "O Estado de S. Paulo".

Aliados fiéis de Cunha já admitem a possibilidade de se distanciar dele e dizem que, com o desenrolar do processo, os partidos logo começarão a pensar em opções para suceder-lhe, caso sua permanência no cargo fique insustentável.

No entanto, ainda não há um nome forte na Casa que se sustente sem o suporte do presidente investigado. "De certa forma, a notícia fragiliza, mas veio num momento de recesso e, por isso, não dá para se medir, por exemplo, o impacto dentro do plenário. É importante aguardar com cautela para ver o que vem por aí", disse o líder do aliado PSDB, Nilson Leitão (MT).

No PT, a torcida é para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, peça e o STF determine o afastamento de Cunha da presidência da Câmara, para que ele não use o cargo como arma.

A expectativa também entre os governistas é que novas delações possam desgastar o parlamentar durante as duas semanas sem atividades no Congresso.

Petistas sabem que a presidente Dilma Rousseff será o principal alvo do peemedebista após o recesso e acreditam que ele voltará disposto a abrir um processo de impeachment contra ela.

Se no início do ano ele se posicionava terminantemente contra o impedimento, agora já admite publicamente a possibilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Eduardo CunhaMDB – Movimento Democrático BrasileiroOperação Lava JatoPartidos políticos

Mais de Brasil

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski

Câmara aprova projeto de lei que altera as regras das emendas parlamentares

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições

Barroso diz que golpe de Estado esteve 'mais próximo do que imaginávamos'