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Demitido da Secom, Wajngarten recusa cargos e deixa governo Bolsonaro

Ao longo de sua permanência, empresário acumulou atritos com a imprensa, no governo e mais recentemente com o ministro das Comunicações, Fábio Faria

Fábio Wajngarten (Alan Santos/PR/Flickr)

Fábio Wajngarten (Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de março de 2021 às 08h28.

Última atualização em 11 de março de 2021 às 08h29.

Após ser retirado do comando da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), o empresário Fabio Wajngarten, decidiu não seguir no governo Jair Bolsonaro. Foram oferecidos a ele três cargos diferentes, mas o agora ex-secretário recusou as opções, embora tenha se comprometido a seguir aliado do presidente. A exoneração de Wajngarten foi confirmada na edição desta quinta-feira no Diário Oficial da União (DOU). A publicação também trouxe a nomeação do secretário de Assuntos Estratégicos (SAE), o almirante Flávio Rocha, como chefe interino da Secom. Ele acumulará as duas secretarias.

Definida há duas semanas, a troca na Secretaria Especial de Comunicação foi oficializada após Wajngarten voltar da viagem com a comitiva brasileira que esteve em Israel para firmar acordos para testes do spray nasal contra Covid-19 no Brasil. A delegação chegou em Brasília na noite desta quarta-feira.

Antes de embarcar no último sábado para Israel, Wajngarten já havia decidido não seguir no governo. Ele recusou as opções de ocupar uma função na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e como assessor especial do Ministério do Meio Ambiente. Inicialmente, foi cogitado que ele pudesse assumir um cargo na Presidência da República em São Paulo, mas não avançou. A dificuldade de encontrar um posto para o secretário no governo atrasou a substituição.

Dono da empresa Controle da Concorrência e ex-funcionário do SBT, Wajngarten se aproximou de Bolsonaro durante a campanha de 2018 e foi apresentado como um homem capaz de abrir portas em emissoras de televisão para o então candidato. Acabou ganhando força após o Bolsonaro ter levado uma facada em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Wajngarten providenciou a transferência para o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

O empresário chegou ao governo em abril de 2019. Ao longo de sua permanência, acumulou atritos com a imprensa, no governo e mais recentemente com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a qual a Secom é subordinada.

Atrito com militares

Antes de Faria, Wajngarten entrou em conflito com o ex-ministro da Secretaria de Governo (Segov) Carlos Alberto dos Santos Cruz e com o atual chefe da pasta, Luiz Eduardo Ramos, quando a secretaria era subordinada ao ministério. Bolsonaro autorizou a demissão de Wajngarten alegando que o secretário “não sabe respeitar hierarquia” e citando a lista de atritos com ministros.

O novo chefe da Secom, Flávio Rocha, chegou ao Planalto no início de 2020 para assumir a SAE e se tornou um dos principais auxiliares de Bolsonaro. O almirante é apontado como um “administrador de conflitos” no governo e tem atuado também como uma espécie de relações públicas, organizando encontros do presidente com parlamentares e integrantes de outros poderes, e participando de tratativas com autoridades de outros países.

A ida de Flávio Rocha para Secom foi costurada durante a viagem com Fábio Faria na visita a Suécia, Finlândia, Coreia do Sul, Japão e China para visitar empresas de tecnologia 5G. O almirante, que segue como militar a ativa, já chefiou a Comunicação da Marinha.

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