Geraldo Alckmin. (José Cruz/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de junho de 2021 às 13h43.
Última atualização em 4 de junho de 2021 às 15h36.
Na investida para filiar Geraldo Alckmin, o DEM ofereceu ao ex-governador o controle total da sigla em São Paulo. Caso decida trocar o PSDB pela legenda presidida pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, Alckmin poderá determinar como será a distribuição de recursos dos fundos partidário e eleitoral do DEM em São Paulo e terá a última palavra nas estratégias para uma futura candidatura ao governo paulista no ano que vem.
As negociações dos dirigentes nacionais do DEM com o ex-governador, no entanto, causaram atrito com a direção estadual do partido, controlado pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite. O vereador não aceita a proposta de "porteira fechada" da sigla para atrair o tucano.
Em descompasso com a investida da direção nacional, os planos traçados pelo DEM estadual não incluíam Alckmin.
O partido está alinhado ao projeto desenhado pelo governador João Doria (PSDB) de lançar o atual vice-governador, Rodrigo Garcia, que deixou o DEM e se filiou ao PSDB há três semanas, como candidato ao Executivo. Ele confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que pretende disputar o Palácio dos Bandeirantes, e conta com o apoio de Leite.
Doria e Garcia prometeram a Leite que a vaga de vice-governador na chapa ou a candidatura ao Senado a um representante do DEM paulista.
A ideia de repassar o controle do DEM a Alckmin se vale do argumento de que o diretório estadual paulista é provisório, o que permitiria à Executiva Nacional impor decisões à direção paulista. Mas Milton Leite afirma que a legenda fez convenções locais em 2019 — que haviam eleito Rodrigo Garcia presidente estadual. A presidência, atualmente, é exercida pelo filho de Milton Leite, o deputado estadual Alexandre Leite.
Nos bastidores, tanto integrantes da direção nacional quanto da estadual do DEM falam em "judicializar" o caso se não houver uma solução.
Opções
Na direção estadual, a aposta é que uma eventual saída de Alckmin do PSDB só ocorra após as prévias da legenda tucana, se Garcia for o vitorioso.
Alckmin, que também é assediado pelo PSD de Gilberto Kassab, vem mantendo conversas com seu antigo vice, Márcio França (PSB), em um trabalho para reeditar a chapa vitoriosa nas eleições de 2014 ao governo de São Paulo.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, entretanto, o tucano negou que planeje deixar o PSDB.