Rodrigo Maia: Eduardo Bolsonaro, no entanto, já afirmou que não apoiará reeleição do atual presidente da casa (Andre Coelho/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 15h46.
Última atualização em 12 de dezembro de 2018 às 15h51.
Com três ministros escalados para o futuro governo, o DEM — partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) — está a um passo de integrar a base aliada da administração de Jair Bolsonaro no Congresso.
Em reunião nesta quarta-feira (12) com o presidente eleito, a bancada do DEM ouviu de Bolsonaro o pedido de apoio e deverá formalizar o aval durante encontro da Executiva Nacional, em janeiro de 2019.
Candidato a novo mandato à frente da Câmara, Maia não compareceu à conversa desta quarta, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) — onde fica a equipe de transição —, mas a cúpula do partido espera que, ao indicar a adesão a Bolsonaro, obtenha ao menos a neutralidade do governo na disputa da Câmara.
No início desta semana, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, disse que o PSL não apoiará a recondução de Maia.
Deputados do partido têm manifestado simpatia por candidaturas que vão de João Campos (PRB-GO) a Alceu Moreira (MDB-RS), passando por Capitão Augusto (PR-SP).
Bolsonaro disse, na reunião com o DEM, que pediu ao PSL a isenção na disputa da Câmara, "em nome da governabilidade".
O presidente eleito escolheu três integrantes do DEM para o primeiro escalão - os deputados Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, Tereza Cristina, que ocupará a Agricultura e Luiz Mandetta para a Saúde.
"As coisas estão caminhando para o apoio ao governo. O espírito de todos é de colaboração", afirmou o presidente do DEM, ACM Neto, que é prefeito de Salvador (BA).
"Estamos vivendo um momento extremamente desafiador e a tendência é caminharmos juntos", completou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), eleito governador de Goiás. Para o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), o DEM "tem todos os motivos, ideologicamente" para se aliar ao governo Bolsonaro.
ACM Neto disse que Maia não compareceu ao encontro desta quarta porque tem um "papel institucional" a cumprir e negou que declarações de Eduardo Bolsonaro sobre ele tenham azedado as relações.
Nos bastidores, no entanto, sabe-se que Maia montou uma estratégia para se reeleger e tenta formar um bloco que isole o PSL na repartição de poder na Câmara, caso a equipe de Bolsonaro interfira na eleição, marcada para fevereiro de 2019.
"Achamos que quanto mais distante o governo estiver dessa eleição, melhor", comentou o presidente do DEM.
A importância da reforma da Previdência também entrou na reunião dos deputados com Bolsonaro, mas o presidente eleito não detalhou os seus planos.
"A gente tem que esperar o governo definir o que ele tem de proposta para ver se flexibiliza alguma coisa", disse Sóstenes.
"Eu acho que até o próprio governo assume que ainda não está totalmente desenhado o modelo de reforma deles. Ou se está, eles não querem, por enquanto, expor. Estão discutindo, estão aprimorando."