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Delúbio é suspeito de participação em empréstimo fraudulento

O procurador do Ministério Público Federal Diogo Castro disse que a participação de Delúbio foi citada por três pessoas


	Delúbio Soares: o procurador do Ministério Público Federal Diogo Castro disse que a participação de Delúbio foi citada por três pessoas
 (CRISTIANO MARIZ/VEJA)

Delúbio Soares: o procurador do Ministério Público Federal Diogo Castro disse que a participação de Delúbio foi citada por três pessoas (CRISTIANO MARIZ/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2016 às 16h13.

Brasília - O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, um dos alvos da 27ª fase da Operação Lava Jato, é suspeito de envolvimento em um empréstimo - investigado pela Operação Lava Jato - feito no Banco Schahin pelo pecuarista José Carlos Bumlai.

O procurador do Ministério Público Federal Diogo Castro disse que a participação de Delúbio foi citada por três pessoas.

“Delúbio Soares foi citado por José Carlos Bumlai, Salin Schain [do Banco Schahin] e  Sandro Tordin [então presidente do Banco] como a pessoa que representou os interesses do Partido dos Trabalhadores no Banco Schahin para a obtenção desse empréstimo fraudulento”, disse o procurador. Segundo Castro, em cada uma das versões, Delúbio aparece com uma participação diferente, mas como alguém que estaria ciente do que estava sendo tratado.

“Salin Schahin fala que Bumlai foi acompanhado de Delúbio Soares. O ex-tesoureiro explicou que aquele era um empréstimo que tinha apoio do partido. Disse, inclusive, que Salim recebeu uma sinalização da Casa Civil neste sentido [quando tinha à frente José Dirceu]”, disse Castro.

“Esta versão é corroborada em parte por Bumlai. Na versão de Bumlai, Delúbio não teria participado diretamente da reunião, mas estaria ciente dos fatos, representando os interesses do PT. A versão de que ele participou dessa operacionalização é também dada pelo Sandro Tordim, então presidente do Banco Schahin”.

Segundo o procurador Diogo Castro, a ação de hoje (1º) com relação a Delúbio, tem o objetivo de esclarecer o envolvimento do ex-tesoureiro do PT no caso. “São três pontos independentes, que indicam que ele participou da obtenção do empréstimo no banco Schahin”.

Na entrevista coletiva, o procurador disse que o ex-secretário geral do PT Sílvio  Pereira teria sido a pessoa que procurou Marcos Valério para tratar de repasses.

“As investigações apontam que Sílvio Pereira foi um dos responsáveis por toda a distribuição de cargos do início do governo federal em 2003. Nesse esquema especifico, Marcos Valério fala que Sílvio Pereira foi a pessoa que o procurou a fim de intermediar esses valores, possibilitar a transferência desses repasses. Então, Sílvio Pereira seria uma das pessoas responsáveis por arquitetar esse esquema de lavagem de capitais”.

Diogo Castro disse que o ex-secretário-geral do PT tem envolvimento em fatos recentes ligados à Lava Jato.

“Outras evidências da Operação Lava Jato mostraram o envolvimento dele com outros fato mais recentes. Fernando Moura afirmou que ele, em tese, receberia recursos da empreiteira OAS, para que não falasse o que sabia do mensalão. Isso está na nossa representação e realmente foram identificados pagamento da OAS em favor da empresa de Sílvio Pereira, pagamento em torno de R$ 500 mil, cujos serviços de contrapartida não foram identificados”.

Nova Fase da Operação

Na 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira, foi preso o empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário do Grande ABC e da empresa Viação Expresso Santo André.

Ele teria recebido, segundo o procurador Diogo Castro, R$ 6 milhões dos R$ 12 milhões obtidos em negócios que envolvem a Petrobras e o Banco Schahin.

Há suspeitas de que parte deste dinheiro foi usada para que Ronan se tornasse controlador do jornal Diário do Grande ABC.

Os repasses tiveram como intermediários o pecuarista José Carlos Bumlai e o frigorífico Bertin, até chegar à empresa Expresso Santo André, de Ronan Pinto.

Segundo o procurador, algumas das operações financeiras foram citadas pelo publicitário Marcos Valério em 2012, e puderam ser confirmadas a partir da quebra dos sigilos fiscais e bancários dos investigados.

Segundo o procurador, apesar de as investigações não terem esclarecidos os motivos dos pagamentos feitos a Ronan, há constatações de que ocorreram ilegalidades.

“Em que pese que a motivação final do repasse dos valores ainda esteja sob investigação, o simples repasse, mediante estratagemas de dissimulação, caracteriza o crime de lavagem de dinheiro”.

O procurador Diogo Castro citou a existência de outros fatos sobre Ronan e Sílvio Pereira relacionados a crimes contra a administração pública.

Castro disse que Ronan foi condenado na Justiça estadual de Santo André e responde a outros processos. Sílvio Pereira é suspeito também de ser beneficiário de dinheiro de corrupção na Petrobras.

Carbono 14

A nova fase da Operação Lava Jato investiga a prática de crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro, segundo a PF.

Cinquenta policiais estão envolvidos nesta operação. Os presos Sílvio Pereira e Ronan Maria Pinto serão encaminhados para a Polícia Federal em Curitiba, enquanto aqueles conduzidos para depoimentos serão ouvidos na cidade de São Paulo.

Esta fase foi chamada de Operação Carbono 14 em referência a procedimentos usados pela ciência para a datação de itens e a investigação de fatos antigos.

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