Sindelpol e a Adepol: afirmam que a decisão de Jungmann tenta induzir um descrédito da sociedade na polícia investigativa (Jose Cabezas/Reuters/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 2 de novembro de 2018 às 15h15.
Entidades representativas dos delegados da Polícia Civil do Rio de Janeiro reagiram ao anúncio do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, de que a Polícia Federal vai apurar interferências na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (2), o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindelpol-RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol-RJ) lamentam as declarações de Jungmann e afirmam que o ministro tentou "capitalizar dividendos políticos em cima da investigação dos homicídios". Marielle e Anderson foram assassinados em março deste ano.
Segundo Jungmann, o Ministério Público Federal obteve dois depoimentos com denúncias de que uma organização criminosa teria atuado para desviar as investigações e dificultar a identificação dos autores e dos mandantes do assassinato. A Polícia Federal vai entrar no caso a pedido da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge.
Para os delegados do Rio de Janeiro, Jungmann está "dando maior credibilidade à palavra do referido criminoso em detrimento de agentes do Poder Público de notória história de combate à criminalidade". Pela nota das duas entidades, a denúncia que chegou ao Ministério Público Federal foi feita "por um miliciano homicida desacompanhada de qualquer outro elemento de prova que pudesse ratificar suas declarações".
O Sindelpol e a Adepol afirmam que a decisão de Jungmann "tenta induzir um descrédito da sociedade na polícia investigativa". Isso, segundo as duas entidades, "interessa aos marginais e representa uma total inversão de valores, dissociada do anseio da população".