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Delegado depõe na CNV e diz nada saber sobre tortura

Delegado Mauro Magalhães negou que tivesse intimidade com os agentes que atuaram na Casa da Morte

Delegado Mauro Magalhães é ouvido durante mutirão de depoimentos da Comissão da Verdade (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Delegado Mauro Magalhães é ouvido durante mutirão de depoimentos da Comissão da Verdade (Tomaz Silva/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2014 às 18h39.

Rio - Apontado como próximo aos militares que atuaram na Casa da Morte, em Petrópolis, na região serrana do Rio, durante a ditadura militar, o delegado Mauro Magalhães negou à Comissão Nacional da Verdade (CNV) que tivesse intimidade com os agentes.

Ele confirmou, no entanto, que conheceu o então capital do Exército Paulo Malhães, morto em abril, por meio do comissário de polícia Luiz Cláudio Azeredo Viana, o Luizinho, identificado pela revolucionária Inês Etienne como Laurindo, um de seus torturadores na Casa da Morte.

Quando perguntado sobre os presos políticos que foram levados para a cidade quando ele chefiava a delegacia local disse que "nunca soube de nada".

Magalhães também negou a existência da Casa da Morte. "Não confirmo até hoje porque não sei nem onde fica", disse.

O delegado disse que Malhães, torturador confesso de presos políticos, foi à delegacia "no máximo quatro vezes" para "tomar um cafezinho".

No depoimento, o policial chegou a afirmar que foi considerado "subversivo" pelos militares. "Eles não me tinham como homem de confiança. Iam me revelar o quê, que estavam matando, batendo e prendendo? Nunca fariam isso".

Magalhães também disse que conheceu Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, apontado por violações de direitos humanos no DOI-Codi, no Rio e na 1ª Cia da Polícia do Exército da Vila Militar.

O militar foi convidado para também prestar depoimento nesta terça-feira, 29, mas alegou problemas de saúde.

Após o depoimento, o membro da CNV José Carlos Dias disse que Magalhães perdeu uma oportunidade para contar sua versão sobre os atos cometidos durante a ditadura militar.

"Não se pode admitir que ele tendo sido delegado (de Petrópolis) quando a Casa da Morte fazia suas vítimas na cidade não saiba de nada. Acho impossível, mas ele tem o direito de mentir em sua defesa".

Ele lembrou, porém, que o delegado "está sendo desmentido por várias testemunhas e documentos".

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