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Delator entregou registro de propina paga pela Odebrecht

Pedro Barusco entregou os documentos que guardava de depósitos da offshore Constructora Internacional Del Sur, usada pela empreiteira para pagar propina


	Ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco: conta de Barusco que recebeu valores da Odebrecht foi aberta em nome da offshore Pexo Corporation
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco: conta de Barusco que recebeu valores da Odebrecht foi aberta em nome da offshore Pexo Corporation (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2015 às 20h04.

São Paulo - O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco entregou à Operação Lava Jato os documentos que guardava de depósitos da offshore Constructora Internacional Del Sur, usada pela empreiteira Norberto Odebrecht para pagar propina no esquema de cartel e corrupção na estatal.

A conta de Barusco que recebeu valores da Odebrecht foi aberta em nome da offshore Pexo Corporation, que ele registrou em 2008.

O delator afirmou aos investigadores da Lava Jato que conseguiu "identificar o recebimento de quase US$ 1 milhão depositados pela Odebrecht" nesta conta.

Pelo menos dez depósitos para a offshore de Barusco foram contabilizados ao longo de 2009 e cópias dos registros de depósitos entregues à Lava Jato.

A Constructora Del Sur, aberta no Panamá, fez pagamentos diretos ao ex-diretor de Serviços Renato Duque - braço no PT no esquema -, em 2009 em nome de uma conta que era controlada por ele. A descoberta foi feita no bloqueio da fortuna de 20 milhões de euros que ele mantinha no Principado de Mônaco.

Foram dois depósitos na conta de Duque aberta em nome da offshore Milzart Overseas Holdings Inc., do Panamá, totalizando US$ 875 mil. Os valores vieram de uma conta da Constructora Internacional Del Sur, no Credicorp Bank, em Genebra.

Em novo depoimento à Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef, confessou que a Odebrecht também usou Construtora Internacional Del Sur para movimentar propina em sua lavanderia.

"Odebrecht e Braskem (sociedade entre a empreiteira e a Petrobrás) era comum fazer esses pagamentos (de propina) lá fora, ou ela me entregava em dinheiro vivo no escritório da São Gabriel", afirmou o doleiro em audiência na Justiça Federal no Paraná nesta terça-feira, 31.

"Uma vez recebi uma ordem, não me lembro se foi em uma das contas indicadas por Carlos Rocha (doleiro Carlos Alberto Souza Rocha, também alvo da Lava Jato) ou Leonardo (Meirelles, outro réu da operação), da Odebrecht, que a remessa foi feita pela construtora Del Sur", relatou. Segundo o Youssef, ele teria recebido pagamentos por meio dessa empresa "umas duas ou três vezes".

Documento

A Lava Jato já sabe que Barusco era braço direito e espécie de contador da propina de Duque na Diretoria de Serviços. Por meio dela, o esquema arrecadava de 2% a 3% nos contratos da estatal. Parte ficava com os dois e parte ia para o PT.

Os documentos e depoimentos colhidos até agora na Lava Jato complicam a vida da Odebrecht e de seus executivos. Barusco e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa apontaram os executivos do grupo Rogério Santos Araújo e Márcio Faria da Silva como os responsáveis pelos pagamentos no exterior.

Costa diz ter recebido US$ 23 milhões da empreiteira por meio de transferências para a Suíça. O doleiro Bernando Freiburghaus, que mora na Suíça, é peça-chave nessas investigações. Era ele quem operava parte dessas contas na Europa.

A Odebrecht voltou a repudiar "as suspeitas lançadas sobre sua conduta". A empreiteira nega ter pago propinas no esquema Petrobras.

Em nota divulgada anteriormente, quando seu nome foi citado, a Odebrecht destacou: "A empresa não participa e nunca participou de nenhum tipo de cartel e reafirma que todos os contratos que mantém, há décadas, com a estatal, foram obtidos por meio de processos de seleção e concorrência que seguiram a legislação vigente".

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