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Delator diz que deu R$ 21 mi a PT e PMDB por Belo Monte

Engenheiro ligado à Camargo Corrêa relatou compromisso de pagamento de R$ 21 milhões em propina ao PT e PMDB por obras de Belo Monte


	Belo Monte: delator reforçou que pagamento de propina ao PT e PMDB por Belo Monte somou R$ 21 milhões
 (Divulgação / Governo)

Belo Monte: delator reforçou que pagamento de propina ao PT e PMDB por Belo Monte somou R$ 21 milhões (Divulgação / Governo)

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Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2016 às 07h59.

São Paulo - O engenheiro Luiz Carlos Martins, ligado à Camargo Corrêa e delator da Operação Lava Jato, relatou compromisso de R$ 21 milhões em propina com PT e PMDB sobre as obras da Usina de Belo Monte.

O engenheiro fechou delação premiada na Lava Jato em meados do ano passado e prestou novo depoimento em 30 de março deste ano.

Martins reiterou todas as informações prestadas em sua colaboração. Ele relatou que, em 2011, levou ao então presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, a "cobrança" que lhe havia sido feita pelo então presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra.

"No sentido de que 1% dos valores desembolsados no contrato das obras civis de Belo Monte deveria ser encaminhado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB); que, complementando, afirma que a participação da Camargo Corrêa no empreendimento compreendia 16% no consórcio construtor (CCBM), pelo que lhe caberia o pagamento de R$ 21 milhões a título de propina aos citados partidos, 50% para cada", relatou.

O engenheiro disse que, ao levar "tal demanda" a Avancini, foi orientado a tratar exclusivamente dos pagamentos relacionados ao PMDB, "sendo que os valores a serem direcionados ao PT o próprio presidente disse que iria resolver", afirmou.

Martins afirmou ainda que cogitou comprar R$ 1 milhão em suco de fruta para maquiar suposta propina ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), nas obras da usina.

No depoimento prestado à Polícia Federal, em Brasília, no fim de março, ele detalhou que a "operacionalização dos pagamentos" a Lobão e envolveu a empresa AP Energy Engenharia e Montagem LTDA. Lobão era então ministro de Minas e Energia.

"O 'caminho' utilizado para fazer o dinheiro chegar ao destinatário, o então ministro de Minas e Energia Edison Lobão, foi mencionado em reunião do Conselho Diretor do CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte); que, especificamente, recorda-se que foram cogitados vários 'caminhos', sendo que um deles envolvia Luiz Fernando Silva, que teria sido secretário estadual no Maranhão e que teria vínculos com o então ministro Lobão", relatou.

Enquanto discutia a dificuldade remeter o dinheiro ao Maranhão para pagar a propina, "em um momento o de descontração, surgiu a ideia de aquisição de R$ 1 milhão em suco de fruta". A ideia não foi para frente.

Martins contou que passou a procurar uma empresa com atividade compatível com a Camargo Corrêa, que pudesse fazer a intermediação dos valores. Segundo ele, "a remessa de valores ao Maranhão ficou ao encargo da AP Energy ou de outras empresas ligadas a ela".

Defesas

O criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Lobão, afirmou que o senador "desconhece essa empresa". "Nunca ouviu falar, não conhece essas duas pessoas que seriam os donos da empresa. Realmente não tem a menor noção de por que houve a citação."

Citado, Dalton Avancini fez acordo de delação premiada antes e delatou o próprio Luiz Carlos Martins. A reportagem não localizou a defesa da empresa AP Energy. Também não foi localizado o defensor de Luiz Fernando Silva. Procurados, PT e PMDB não se manifestaram até a conclusão desta edição.

Delfim

O engenheiro Luiz Carlos Martins afirmou também que o PMDB determinou propina de 10% ao economista Delfim Netto, ex-deputado federal do partido, sobre as obras da Usina de Belo Monte. O executivo declarou que pagou R$ 160 mil em 4 parcelas.

Em 25 de junho do ano passado, o engenheiro relatou que durante uma reunião, em 2012, o então presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra, "informou que do valor de 1% da propina que deveria ser dividida entre as empresas, ao invés de ser 50% para o PT e 50% para o PMDB, seria na verdade 45% para cada, e 10% seria destinado a Delfim Neto".

"Todos reclamaram disso, mas Flávio informou que era uma determinação do agente político do PMDB", declarou o executivo.

Os advogados Ricardo Tosto e Maurício Silva Leite, defensores de Delfim, informaram que o ex-ministro recebeu por serviços de consultoria. "Delfim Netto informa que prestou serviços de consultoria na área econômica e que recebeu os respectivos honorários."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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