Brasil

Delator da UTC liga propina a ex-tesoureiro de Lula

Santana disse que o contrato entre a Petrobras e o Consórcio TUC (UTC, Odebrecht e Toyo) gerou "alguns compromissos" para o PT no valor de R$ 15,51 milhões


	João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT: Santana disse que o contrato entre a Petrobras e o Consórcio TUC gerou "alguns compromissos" para o PT no valor de R$ 15,51 mi
 (Rodolfo Buhrer/Reuters)

João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT: Santana disse que o contrato entre a Petrobras e o Consórcio TUC gerou "alguns compromissos" para o PT no valor de R$ 15,51 mi (Rodolfo Buhrer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2015 às 11h16.

São Paulo - O executivo Walmir Pinheiro Santana, ligado à UTC Engenharia, disse em delação premiada à Procuradoria-Geral da República que a assinatura do contrato de obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) entre a Petrobras e o Consórcio TUC - UTC, Odebrecht e Toyo do Brasil - gerou "alguns compromissos" para o PT no valor de R$ 15,51 milhões.

Santana relatou que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto o autorizou a abater desse valor R$ 400 mil para José de Filippi Júnior, aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-tesoureiro da campanha dele em 2006.

Por indicação de Lula, Filippi também foi responsável pelas contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010. O delator não informou quando ou como o dinheiro foi pago. Segundo ele, também foi feita uma transferência para a campanha eleitoral do PT em São Bernardo do Campo, administrada pelo petista Luiz Marinho, outro aliado direto do ex-presidente Lula.

Nos últimos meses, aliados políticos e nomes do entorno de Lula têm sido citados em delações da Lava Jato.

A inda segundo Santana, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil na gestão Lula) recebeu R$ 1,69 milhão em propina relativa às obras do Comperj. O valor teria sido repassado a Dirceu sob a autorização do ex-tesoureiro do PT. As obras do Comperj começaram em 2009. As empresas do TUC eram sócias em contrato de R$ 2 bilhões. Ao todo, o consórcio teve R$ 3,8 bilhões da estatal.

"Vaccari autorizou abater destes valores de R$15,51 milhões, R$ 400 mil para entregar para José Filippi, R$ 1,69 milhão para José Dirceu e R$ 1,8 milhão foram para algumas campanhas eleitorais (provavelmente para campanhas ao cargo de prefeito): municípios de Contagem, Belo Horizonte, Recife, Montes Claros, Campinas, São Bernardo do Campo; que há um valor de R$ 150 mil que acha que foi para um evento em Belo Horizonte organizado pelo PT (houve procura pelo depoente de uma senhora do PT de Minas Gerais)", declarou o executivo em 6 de agosto.

Defesa

Em nota, o partido diz que "todas as doações que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e declaradas à Justiça Eleitoral". A defesa de José de Filippi Júnior não retornou os contatos da reportagem.

O criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, que representa o ex-tesoureiro do PT, diz não haver "nenhum elemento de prova que possa corroborar essas informações". Segundo ele, Vaccari refuta as acusações.

A defesa do ex-ministro José Dirceu afirmou desconhecer o teor do depoimento e negou irregularidades na relação dele com a UTC. 

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