Em delação premiada, Shinko Nakandakari afirmou que foi executivo da Galvão Engenharia que o procurou para ajudar com contratos na Petrobras. Informação contradiz defesa de empreiteiras (Divulgação / Polícia Federal)
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2015 às 11h56.
São Paulo - O depoimento de um novo delator da Operação Lava Jato contradiz o principal argumento das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o empresário Shinko Nakandakari, que seria um dos operadores do esquema, afirmou em depoimento que a Galvão Engenharia procurou seus serviços (leia-se, facilitar negócios da empreiteira com a Petrobras) - e não o contrário, como argumenta a defesa da empresa.
De forma geral, os advogados das empresas envolvidas no esquema argumentam de que elas foram alvo de extorsão e só aceitaram pagar propina a operadores (como Shinko) porque tinham medo de serem prejudicadas em seus negócios com a Petrobras. A afirmação de Shinko contraria esta tese.
Em seu depoimento, Shinko afirmou que sua participação no esquema teve início há cinco anos, quando foi procurado por um executivo da Galvão.
Shinko é ex-funcionário da Odebrecht (outra empreiteira investigada no esquema) e era um consultor conhecido no mercado.
Sua participação no esquema foi delatada por Erton Fonseca, executivo da Galvão Engenharia. De acordo com o executivo, a empreiteira pagou 5 milhões de reais em propina a ser repassada a funcionários da Petrobras.
O advogado do executivo afirmou à Folha que Shinko não era operador da Galvão Engenharia e que seu cliente teria sido vítima de extorsão. Ele diz ainda que Shinko teria se apresentado como intermediário da diretoria de Serviços.
Segundo Fonseca, Shinko atuava em parceria com o ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
Barusco afirmou, também em delação premiada, que a propina que sua área recebia era dividida com o diretor de Serviços, Renato Duque. Barusco ficava com 40% e Duque com 60%.