Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato: juiz é um dos alvos da crítica (Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)
Rita Azevedo
Publicado em 13 de janeiro de 2016 às 14h44.
São Paulo – Usada mais intensamente na Operação Lava Jato, maior investigação sobre corrupção no Brasil, a delação premiada agora é tema de um folk.
Batizada de Suíte Bourbon 1407, – uma referência ao hotel onde se hospedam os advogados dos presos na operação – a música é de autoria do compositor baiano Maurício Baia e faz uma crítica explícita à forma como os acordos são fechados.
O inquisidor pergunta ao preso/ Se ele quer sair ileso/ E lhe empurra um acordo/ Que endurece os seus dez dedos / E assim de forma acuada o réu assina a delação premiada/ Que aplaudida ou vaiada/ Quebra o fecho e vaza/ O baú dos segredos, diz os primeiros versos da canção.
Não se sabe se isso é justiça mesmo ou uma imposição. Moro virou um herói para as pessoas, mas é importante levantar algumas questões, disse Baia a EXAME.com.
https://youtube.com/watch?v=AUKIFTULZW8%3Frel%3D0
Delação
O instituto da delação premiada já foi alvo de embates jurídicos e recebeu críticas, até mesmo, da presidente Dilma Rousseff, que, no ano passado, chegou a declarar que não respeitava delatores.
Alguns juristas dizem que o instrumento é antiético por envolver uma espécie de barganha – o acusado repassa informações e provas em troca de algum tipo de benefício, como a redução de sua pena.
Por outro lado, há quem defenda o mecanismo por ser uma maneira de chegar ao alto escalão de esquemas complexos como o montado na Petrobras. Só na Lava Jato, ao menos cinquenta delações foram fechadas ou estão em processo de homologação.
O próximo personagem que pode fechar um acordo desse tipo é Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a 37 anos de prisão no mensalão. De acordo com o advogado de Valério, o empresário poderá revelar um elo entre os dois escândalos de corrupção.