Janot: no dia 17, o PGR passa o bastão para Raquel Dodge (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2017 às 06h53.
Última atualização em 5 de setembro de 2017 às 07h54.
Um novo dia, uma nova reviravolta. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, veio ontem a público dizer que os acordos de delação premiada de executivos do grupo J&F podem ser revogados pela descoberta de “fatos gravíssimos” descobertos em novos áudios de Joesley Batista. O fogo, desta vez, é amigo.
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O grampo de Joesley caiu sobre ele mesmo e seu parceiro de colaboração, Ricardo Saud. Nesta terça-feira, os documentos, que foram encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, devem ter o sigilo levantado.
Sabe-se até o momento que Joesley e Saud foram gravados aparentemente alcoolizados e sem saber que teriam ligado o mesmo gravador que pegou Michel Temer e Aécio Neves em diálogos comprometedores.
As gravações envolvem combinações entre a dupla que não foram passados adiante à Procuradoria (PGR) no ato da delação. Os fatos graves revelariam a atuação do advogado Marcelo Miller nos grampos contra o presidente antes de ter se licenciado da PGR, uma atuação ilegal.
Segundo a revista VEJA, quatro ministros do Supremo foram envolvidos em situação embaraçosa pelo conteúdo dos áudios.
Janot apressou-se em dizer que as provas colhidas pela delação da J&F não seriam anuladas pela revogação do acordo. Caso essa seja a solução, Joesley, Wesley e Saud podem ser presos, inclusive pelos crimes que confessaram. Os documentos aos quais a PGR teve acesso, os áudios, por exemplo, seguem válidos.
“Não há ninguém que republicanamente esteja a salvo da aplicação da lei. o Ministério Público tem uma mãe, que é a Constituição e a lei. Sob esse manto, atuamos independentemente de quem tenha agido”, disse Janot.
“O Ministério Público Federal atuou na mais absoluta boa fé para a celebração desse acordo. Se ficar provada qualquer ilicitude, o acordo de delação será rescindido”.
Prestes a ser alvo de nova denúncia, Michel Temer pedirá nesta terça acesso aos novos áudios dos executivos. Temer havia feito levante contra a credibilidade de delatores e, por meio destes fatos novos, sua narrativa ganhar força.
Há controvérsias entre especialistas sobre a validade dos áudios caso Marcelo Miller tenha atuado ilegalmente para obtê-los.
Será mais um dia cheio no gabinete do ministro e relator do caso, Edson Fachin, no Supremo. Era esperado que ele homologasse hoje a delação de Lúcio Funaro, operador do PMDB e que poderia implicar o presidente Michel Temer e caciques peemedebistas.
Com as novas revelações, tudo fica em suspenso. Rodrigo Janot tem apenas mais 12 dias de cargo, já que passa o bastão para Raquel Dodge no dia 17. Até lá, sua maior missão será se recuperar deste enorme revés.