Herman Benjamin: "A defesa quer excluir a Odebrecht porque as provas são oceânicas" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de junho de 2017 às 21h17.
Brasília - O ministro Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, afirmou que a empreitada das defesas pela exclusão das delações da Odebrecht do processo se deu pela abundância de provas que a empreiteira forneceu.
"A defesa quer excluir a Odebrecht porque as provas são oceânicas. São depoimentos, documentos, informações passadas a autoridades estrangeiras em cooperação internacional", disse.
Pela manhã, nas chamadas preliminares do julgamento, a corte aceitou pedido das defesas para ignorar informações sobre irregularidades da Odebrecht no julgamento.
O argumento principal foi que o uso das delações extrapolam o objeto inicial da ação protocolada pelo PSDB.
Na petição inicial, o partido acusa a chapa vencedora de abuso de poder econômico e político nas eleições de 2014 por ter se beneficiado, financeiramente, de esquema de desvios na Petrobras.
Segundo Herman, a Odebrecht contribui para a vitória da chapa financiando a campanha por meio de pagamento de propina e caixa 2. "Se não sabíamos disso, vamos exigir isso dos autores da petição?", questionou.
O ministro explicou que seria impossível julgar o abuso de poder econômico da chapa sem o trabalho da Operação Lava Jato.
"É um milagre que estejamos aqui no TSE hoje apurando esses fatos, não era para ser. Não haverá outra oportunidade para apurar fatos dessa natureza no TSE", alertou. "Seria impossível apurarmos o que houve sem a Lava Jato".
No 3º dia de julgamento, após mais de nove horas de sessão nesta quinta-feira, os ministros concordaram em encerrar as discussões antes da conclusão do voto de Herman.
Ele será retomado a partir das 9 horas, com a conclusão do voto do relator e, em seguida, o voto dos demais ministros.
Herman já disse considerar procedente a ação por abuso de poder econômico e político da chapa por causa de recursos da Sete Brasil e por recursos repassados aos partidos políticos que integravam a chapa ao longo de anos, o que chamou de "gordura acumulada" de propina.
Após Herman, votam os ministros Napoleão Nunes, Admar Gonzaga, Tarcisio Vieira, Luiz Fux, Rosa Weber e, por último, o presidente do TSE, Gilmar Mendes.